quinta-feira, 13 de agosto de 2009

30 Anos de Cólera



CÓLERA EM ARACAJU (por Adelvan): O Cólera tocou três vezes em Aracaju. A primeira foi numa ocasião pra lá de especial: Segundo “Rock in Bica”, São Cristóvão, início da década de 90. Tratava-se de um evento que fazia parte da programação do FESTIVAL DE ARTE DE SÃO CRISTÓVÃO, que acontecia anualmente na cidade histórica vizinha a Aracaju e era promovido pela Universidade Federal de Sergipe. Inicialmente era chamado de “Mostra de rock”, mas com a repercussão da realização do rock in Rio 2 na época e a transferência do palco para a Bica de São Cristóvão, um balneário público local, resolveu-se trocar o nome. O Cólera tocou de madrugada, com o sol nascendo – ainda me lembro bem de Redson deslumbrado e falando que era a primeira vez que eles tocavam assim, ao ar livre e vendo o sol nascer, que estava feliz e se sentindo em Woodstock. O show, como esperado, foi excelente, muito energético, e levantou o público, que parecia “pinto no lixo”, feliz por estar participando de um momento tão único. E quase foi, realmente, um momento único, já que a banda só voltaria a se apresentar em palcos sergipanos mais de uma década depois – e novamente em São Cristóvão ! Na ocasião Redson deve ter pensado que lá era onde as coisas aconteciam em termos de rock por aqui. Este show, evidentemente, está mais fresco em minha memória, porque mais recente. Fiquei muito impressionado com o pique da banda ao vivo, parecia que estavam em início de carreira, a despeito dos cabelos grisalhos de todos os integrantes. Tocaram “com gosto de gás”, como se diz por aqui, para um público ensandecido e em parte, infelizmente, violento. Muita briga – era até hilário ver o Redson gritando “pela paz em todo o mundo” a plenos pulmões e “o pau comendo” na frente dele. As coisas só se acalmaram um pouco quando ele deu uma “pagação” geral nos brigões e ameaçou encerrar a apresentação caso a violência não acabasse. Mostraram também que são, definitivamente, do “underground”, já que o evento foi meio que improvisado e muito mal divulgado, conheço muita gente que perdeu porque não ficou sabendo e ficou desesperado por isso (felizmente os desinformados tiveram uma nova oportunidade, como veremos adiante). Tocaram no chão, sem palco, num mercado público semi-abandonado - na verdade um “elefante branco”, mais uma daquelas obras megalomaníacas superdimensionadas (e, geralmente, também superfaturadas) do governo que depois ficam lá apodrecendo sem serventia. É um galpão enorme e o evento, um festival dividido em duas noites e com várias bandas se apresentando, teve um bom público. A terceira e última apresentação dos pioneiros do punk brasileiro em terras de Sergipe Del Rey foi na ATPN, na orla de Atalaia, em Aracaju. Aconteceu, desta vez, pouco tempo depois, cerca de um ano. Repetiram praticamente o mesmo show, ou seja, a mesma energia, a mesma empolgação, os mesmos clássicos eternos de 20, 30 anos atrás. Foi antológico – mas provavelmente vai demorar para acontecer novamente, já que os produtores informaram que tiveram um prejuízo considerável. Fazer show de rock em Sergipe é realmente complicado - deve ser a tal maldição do Cacique Serigy.

Clique AQUI e confira uma das maiores e mais completas entrevistas já publicadas com Redson, conduzida por Marcio Sno.


C Ó L E R A - 30 ANOS SEM PARAR


O início pioneiro:


A banda surgiu em outubro de 1979, na estação São Bento do Metrô, em São Paulo. Redson no baixo e vocal; Helinho na guitarra e Pierre, na bateria.

Desde o início, a banda Cólera conta com os irmãos Redson e Pierre.

São 30 anos sem parar.

Em maio de 1980, com a participação do backing vocal Kino como “frontman”, a banda gravou uma apresentação no programa OLIMPOP (Olimpíada da Música Popular), gravação que hoje faz parte do arcewvo da TV Cultura e consta no documentário Botinada, produzido por Gastão Moreira para a ST2 em 2006.

Hoje, a banda tem sua formação clássica reativada, com a volta de Val, no baixo.

Esta formação gravou em 1982, o primeiro álbum de punkrock nacional, Grito Suburbano (Punkrock discos/1982); ao lado de Inocentes e Olho Seco.

Ainda em 1982, a banda participou do festival “O Começo do Fim do Mundo” no Sesc Pompéia (SP) ao lado de outras 19 bandas do gênero como Restos de Nada, Ratos de Porão, Olho Seco, etc.

Em 1983, lançou o LP SUB, uma coletânea ao lado de RDP, Psykoze e Fogo Cruzado. O show de lançamento aconteceu no Circo Voador, RJ, tendo como abertura Os Paralamas do Sucesso, Inocentes, Coquetel Molotov e mais 13 bandas.

Em 1984, o álbum “Tente Mudar o Amanhã”, foi o primeiro lançamento do recém fundado selo “Ataque Frontal”, onde Redson era um dos sócios. Foram 7 anos de produção independente em vinyl, que teve outras bandas,Grinders, Varsóvia, Kães Vadius, a coletânea Ataque Sonoro com Ratos de Porão, Lobotomia e mais 8 bandas de São Paulo, ABC e Rio de Janeiro.

Em 1985, a banda começa uma turnê pelo Brasil passando por Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, BH e mais 40 cidades. São Paulo teve como evento, o show de lançamento do LP Tente Mudar o Amanhã, no Teatro Lira Paulistana, onde foi registrado o álbum CÓLERA E RATOS DE PORÃO AO VIVO, álbum hoje raríssimo.

Em 1986, o segundo álbum do Cólera, “Pela Paz em Todo Mundo” foi consagrado como um dos mais importante álbum do estilo. Com mais de 30 mil cópias vendidas no Brasil, EUA e Europa, o álbum rendeu 2 turnês pelo Brasil e uma turnê européia (a seguir).

Em 1987, o Cólera “quebrou o muro”, sendo a primeira banda do gênero rock nacional a realizar uma tour fora do país. “Saímos do Brasil para a Europa em fevereiro de 1987, com 18 show marcados, para uma tour de 3 meses, mas o interesse lá foi tanto, que fechamos a tour com 56 shows em 10 países, durante 5 meses.” A tour passou pelos seguintes países: Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Áustria, Dinamarca, Noruega, Países Bascos, Suíça e Holanda.

Esta quebra de barreira, permitiu a outras bandas brasileiras como Sepultura, Viper, RDP, Torture Squad, Ação Direta, Replicantes, Dead Fish...e muitas outras bandas, seguirem o mapa do circuito underground europeu.

Com a influência da tour de 1987 na Europa, a banda volta ao Brasil e lança, em 1989, pela Devil Discos o álbum ativista “Verde, Não Devaste!”, outro disco temático, abrindo um assunto ainda não popular no Brasil; A ECOLOGIA!

O álbum apresenta na capa uma expressão realista da devastação, e ainda com um fanzine tamanho ofício, com os principais poluentes, formas de contaminação e de prevenção. Premiado pelos leitores de revistas de rock nos anos 90, como a melhor capa de disco independente da década.

A discografia completa da banda está no site: www.colera.org

Durante os anos 90, foram 4 turnes pelo Brasil. A quarta e mais importante, foi a tour de 20 Anos. O aniversário teve data especial em São Paulo, com show de 3 horas (3 entradas de 1 hora cada), num concerto/festa, onde foram gravados ao vivo; CD com 21 faixas, video VHS com 29 musicas, livro ilustrado e pôster. Estes itens, com uma embalagem especial (uma caixa parecida com o jogo WAR), material lançado pela Devil Discos em 2001.

Mas uma grande façanha ainda estaria por ser realizada. Em 2004, a banda realiza outra tour na Europa, com 26 shows em 7 países, em 1 mês. A tour, lançamento do álbum “Deixe a Terra em Paz!”, (Devil Discos) teve um outro lançamento, “The Best of Grito Suburbano”, pela Dirty Faces Records”. Capa de papel grosso e reciclado, encarte com a história política do Brasil durante a existência da banda e as letras, tudo traduzido em inglês. Dentro 2 vinis; 1 LP verde e 1 EP de 7” com 4 musicas ao vivo.

Ainda em 2004, pelo Brasil, o álbum “Deixe a Terra em Paz!” gerou 2 turnês nacionais, 2 clipes, palestras e muito barulho em rádios e programas de TV.

Em 2006, um registro de importância histórica em CD; “Primeiros Sintomas” resgata as 20 primeiras músicas da banda, compostas entre outubro de 1979 (mês de inicio) e abril de 1980.

13 delas, até então totalmente inéditas.

Em seguida, outro lançamento comemorativo: o CD, “1.9.9.2. Mundo Mecânico, Mundo Eletrônico” split com o ep “É Natal!?”, lançado juntos num só CD, completando os lançamento em comemoração aos 25 anos da banda, tudo com muitos shows pelo Brasil.

2008, Oct, 3 – “Hamburg in Concert with CÓLERA from Brazil”, mais uma tour na Europa; 27 shows em 6 países, França, Bélgica, Alemanha, República Tcheca, Áustria e Finlândia.

2009 – A banda está terminando de compor 16 músicas novas que farão parte do próximo álbum; ACORDE! ACORDE! ACORDE!

O álbum é temático, com a proposta de acordar com 3 acordes! No duplo sentido mesmo.

Dentre várias sonoridades e ritmos, a banda apresentará uma sequencia de 5 faixas que, juntas, formarão a “Ópera do Chaos”. Uma ópera punk.

O material está previsto para 2009 e deve sair pela Deck Disc.

”30 ANOS SEM PARAR”

Este é o título da tour que a banda começou desde janeiro de 2009, por Jundiaí (SP), e já passou por Campinas, Manaus, Curitiba e São Paulo, Rio de Janeiro, Cabo Frio, Nova Friburgo, Jaraguá do Sul, Balneário Camburiu, Porto Alegre, Caxias do Sul, Piracicaba e, ainda tem mais 7 estados para percorrer no segundo semestre.

Na tour, a banda apresenta um pouco da sonoridade de cada época, um apanhado de músicas desde os primeiros álbuns até o mais recente, Deixe a Terra em Paz!, e ainda incluindo uma ou duas inéditas que estarão no próximo álbum,

“ACORDE ACORDE ACORDE”

Formação:

Redson – vocal e guitarra

Pierre – bateria

Val – baixo



Contatos:

colera@colera.org (MSN e email)

redsoncolera@terra.com.br (só email)

11 9251 4465

11 5081 6463



Na web:

www.colera.org

http://www.myspace.com/coleraoficial

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=28030



Clipe Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=jVckn78SIpg

“Deixe a Terra em Paz!” – Direção: Márcio Pulga / Luz: Lula Maluf)

http://www.youtube.com/watch?v=O3JK70DetLw

“Viaduto” (Direção: Marcos Vicente)

http://www.youtube.com/watch?v=3ri7yL4slW4

“Deixe a Terra em Paz!” ao vivo no Kazebre em 2008.

http://coleraeuropeantour2008.wordpress.com/videos/

Alguns vídeos da turnê na Europa em outubro/2008 (Finlandia, Alemanha, Àustria, Republica Tcheca).

http://video.google.com/videoplay?docid=8410263449371817356

DVD “Botinada” a história do punkrock no Brasil.

3 comentários:

  1. Cólera foi a primeira banda punk brasileira que ouvi. Apaixonei-me logo na primeira vez e até hoje é disparada a minha banda punk brasileira favorita. Cólera foi um marco na minha vida, conheci a banda numa época de transicao e o som e as letras da banda tiveram bastante influencia no rumo que segui. Os álbuns Tente Mudar o Amanha e Caos Mental Geral me marcaram de tal forma...

    ResponderExcluir
  2. A primeira zoeira que escutei na minha vida foi "Rocket to Russia" do Ramones e "Pela paz" do Cólera. Isso quando eu tinha 12 anos. 22 anos depois eu me vejo entrevistando o cara que me apresentou indiretamente ao punk.
    Ontem passei o dia com a banda. Conheci os sons novos.
    E o curioso é parece que conheço os caras desde sempre!

    ResponderExcluir
  3. Poxa, que legal! Tenho um amigo de Sampa que conhece o Redson e disse que o cara é muito gente boa.

    Espero que um dia eu possa ir num show deles, porque nunca tive a oportunidade. Quem sabe na próxima tour europeia...

    ResponderExcluir