sexta-feira, 17 de setembro de 2010

# 161 - 17/09/2010

A edição de hoje do programa de rock tem como mote dois acontecimentos importantes que completarão 40 anos amanhã: a morte de Jimi Hendrix e o lançamento do segundo disco do Black Sabbath, "paranoid". Ambos os fatos aconteceram no dia 18 de setembro de 1970. Em homenagem á data, tocaremos uma faixa de "Electric Ladyland", disco de 1968 que fez parte da série Discoteca Básica da extinta Revista Bizz. Antes disso, o programa será aberto pela clássica "War Pigs", do Sabbath, seguida de um bloco com sons capturados "Ao vivo" do The Gossip, Dinosaur jr (dia 26 em Salvador, bom lembrar) e Sonic Youth. Depois do Drop Loaded, que nesta edição faz uma viagem aos anos 90, teremos o "Bloco do ouvinte" com a contribuição de nosso camarada Dackson "Deathrow" - só pancada no pé do ouvido. Na segunda parte do programa, abriremos com o cover ao vivo de "teardrop", do Massive Attack, retirado do mais novo disco de Anneke Van Giesbergen, ex-The Gathering, em parceria com Danny Cavannagh, do anathema. Na sequencia, algumas músicas de bandas que estarão se apresentando nos palcos de Aracaju nos próximos dias.

É isto. Divirtam-se.

A.

* * *



The Jimi Hendrix Experience - Electric Ladyland (1968) - (Revista Bizz, Edição 25, Agosto de 1987) - Sessão “Discoteca Básica”

Hendrix transformou a linguagem e expandiu os horizontes da guitarra elétrica no rock. Sua concepção musical transpunha as fronteiras das classificações, resgatando toda a tradição da música negra, ao mesmo tempo que apontava as principais tendências que viriam a emergir na década de 70 (heavy metal, jazz-rock, progressivo). A naturalidade com que arrancava - de inúmeras maneiras - inacreditáveis solos de sua Fender e criava melodias com efeitos de pedais e microfonias, era espantosa. Jimi ao vivo - incendiário em Monterey ou lançando bombas no Hino Nacional americano em Woodstock - fazia de sua guitarra uma extensão de seu próprio corpo e alma.

Mas também existia um "outro" Jimi: aquele dos estúdios e jam sessions, um experimentador fascinado pelo desenvolvimento das técnicas de gravação e efeitos, e que mais tarde montaria seu próprio estúdio (o Electric Lady, em Nova York). A interação mais perfeita dessas duas facetas de Jimi ocorre exatamente no terceiro e último álbum que ele gravou com o Experience: o duplo "Electric Lady Land". O seu primeiro LP era pura explosão: uma transposição para o vinil da energia em estado bruto que emanava do som de Hendrix. Depois veio "Axis: Bold as Love", com seus temas lisérgicos e maior elaboração no trabalho de estúdio, através de recursos técnicos então inovadores como o pan (efeito de estéreo em que um som passa de um canal a outro).

Em "Eletric Ladyland" estes experimentos de estúdios foram levados adiante. Mais do que nunca, Jimi sentia-se à vontade para ousar. Isso já se nota superposição de efeitos da vinheta introdutória "And the Gods Made Love". "Você já esteve na terra das mulheres elétricas/ O tapete mágico espera por você/ Então não se atrase" canta Jimi na faixa título. É o convite para uma imagem que segue através do tráfego da cidade e depois envereda pelo blues rasgado em "Voodoo Chile". O lado 2 começa com duas boas canções, mas menores em relação ao conjunto: "Little Miss Strange" (do baixista Noel Redding) e "Long Hot Summer Night". Mas ganha corpo novamente a partir de uma versão de "Come On" de Earl King e torna a brilhar no funk sincopado de "Gipsy Eyes" e nas linhas melódicas de "The Burning of the Midnight Lamp".

O segundo disco começa com a longa introdução tendendo para o blues de "Rainy Day, Dream Away"; o lado 3 conta apenas com mais duas músicas, que na verdade são uma única suíte, na qual vários climas se sucedem de maneira sublime. No último lado do disco há "Still Raining, Still Dreaming" - uma recriação da faixa que abre o lado 3 - que é seguida pelo pique de "Houses Burning Down", para encerrar-se com duas faixas geniais: "All Along the Watochtower", a versão definitiva da canção de Dylan, e "Voodoo Chile (Slight Return)", outra recriação estupenda que abre espaço para novos vôos de Hendrix. Esse disco expõe as "drogas" mais pesadas que fizeram sua cabeça: blues, funk e rock'n'roll. Uma fórmula simples, que ele "dosava" com sua guitarra, seu fuzz e seu wah-wah. Só mesmo Syd Barrett conseguiu (um ano antes) pintar com cores psicodélicas um painel tão significativo, tão adiante das manias musicais da época - como o blues branco e o rhythm & blues.

O lançamento de "Electric Lady Land" coincidiu com o fim do Experience (Jimi, Noel e Mitch Mitchell na bateria). Hendrix iria montar a Band Of Gipsies, com o baixista Billy Cox e batera Buddy Miles (ex-Eletric Flag), gravando um disco ao vivo do show realizado no Fillmore East (em Nova York) na noite de ano novo 69/70. Novamente com Mitchell no lugar de Buddy Miles, Jimi faria "The Cry of Love", seu último disco antes de morrer repentinamente aos 27 anos (18/09/70). Uma vida curta, um enorme legado.

Celso Pucci

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Black Sabbath – War pigs

The Gossip ( Ao vivo ) – Listen up
Dinosaur Jr ( Ao vivo ) – The Wagon
Sonic Youth ( Ao vivo ) – Candle

The Telescopes – To kill a slow girl walking
Low Dream – Rock Ride
( Drop Loaded )

Barathrum – Saatana
Darkthrone – The winds they called the dungeon shaker
My Dying Bride – The Wreckage of my flesh
( por Dackson "Deathrow" )

Anneke Van Giesbergen & Danny Cavannagh – Teardrop

Andralls – In the eyes of the killer
Do Amor – chalé
Debate – Dito e feito
Perdeu a Língua – algodão doce

The Jimi Hendrix Experience – “Electric Ladyland”
Da Série “Discoteca Básica”
• Have you ever been (to electric ladyland)

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