domingo, 26 de setembro de 2010

protejam seus ouvidos ...


Desde o final dos anos 80, quando o Dinosaur Jr. começou a tocar em bares e outros espaços alternativos em Massachusetts, a recomendação para qualquer fã que queira comparecer a uma apresentação do grupo é a mesma: proteja seus ouvidos.

O primeiro a seguir o conselho é o próprio baixista da banda, Lou Barlow. “Eu uso protetores mesmo quando toco com bandas mais tranquilas que o Dinosaur Jr.. Eu tenho um problema muito sério de tinitus – até quando a minha filha grita perto de mim meu ouvido começa a zumbir, então eu tenho que me proteger”, conta o músico em entrevista por telefone ao G1.

Barlow diz que o guitarrista e líder do grupo J. Mascis deve trazer a sua parede de amplificadores para o Brasil, onde a banda, pioneira do rock alternativo americano, começa uma mini turnê neste sábado (25) com uma apresentação no festival Coquetel Molotov, no Recife.

“Eu não sei por que o J. usa todos aqueles amplificadores”, brinca o baixista. “J. foi a primeira pessoa que eu vi usando protetores de ouvido – no primeiro ensaio do Dinosaur Jr. eu vi ele colocar plugues internos e um protetor externo, desses que você coloca quando está um estande de tiro. E então o amplificador dele quase matou a gente. Ele nunca expôs os ouvidos dele ao mesmo volume ao qual ele expõe as outras pessoas”, lembra.

Turnê - Além da capital pernambucana, o Dinosaur Jr. vai levar seu peso jurássico para outras duas cidades brasileiras. No domingo (26) o grupo se apresenta em Salvador, na versão baiana do Coquetel Molotov, e ainda faz dois shows em São Paulo na terça (28) e quarta (29). Com menos amplificadores, eles também prometem um show acústico gratuito na capital paulista na tarde de terça-feira na Praça Marechal Cordeiro Faria, em um evento de skate.

Barlow fundou o Dinosaur Jr. em 1984 junto com Mascis e com o baterista Murph. Depois de algumas brigas, Barlow foi expulso da banda em 1989. O baterista acabou deixando o grupo alguns anos depois, e reduzido a um projeto solo do guitarrista, o Dinosaur Jr. deixou de existir em 1997.

O empresário do J. sugeriu para ele para voltar com o grupo, para aproveitar os relançamentos dos álbuns nossos dos anos 80, mas o J. disse que não estava interessado. Então ele perguntou, ‘e se ligássemos para Lou e Murph (baterista) e oferecêssemos para que eles ganharem metade do que você ganha?’, e foi assim que J concordou”, conta rindo Barlow, que voltou com o grupo em 2004.

Ele diz que os motivos da volta não são apenas econômicos. Depois de ler o capítulo sobre a banda no livro “Our band could be your life”, principal obra sobre a cena do rock independente nos EUA nos anos 80, Barlow afirma que ficou “muito triste”. “Eu devia essa volta ao legado do Dinosaur Jr., para tentar reescrever a história”.

Inéditas - Desde a volta, o grupo já gravou dois discos com faixas novas, “Beyond” de 2007 e “Farm” de 2009. “Nós queríamos continuar com as turnês, mas precisávamos de material novo, senão ia ficar chato, seilá”, explica displicentemente Barlow.

Na nova fase há espaço inclusive para composições do baixista, que costumava ficar de fora dos discos no início da banda, o que o motivou a montar o projeto Sebadoh, que acabou se tornando tão influente quanto o Dinosaur Jr.

“Quando eu escrevo uma música para o Dinosaur Jr. eu já deixo uma parte separada para um solo do J. – solos não são bem o meu estilo, e uma faixa sem um solo de guitarra dele não é uma faixa do Dinosaur Jr.”, diz Barlow.

Apesar de toda a lenda e influência criada pelos primeiros discos, o músico afirma que o melhor momento da banda é agora. “Nós estamos tocando juntos agora há mais tempo do que quando éramos adolescentes, e estamos nos divertindo muito mais do que na época”.

Amauri Stamborosi Jr.
Do G1, em São Paulo

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