quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

“Odiosa Natureza Humana”

Com Donida, boto fé ...

A.

Entrevista concedida a Marcos Bragatto

Fonte: Rock Em Geral

Eles bem que tentaram fazer um disco com o humor um pouco melhor, mas não daria certo. Por isso mesmo o título “Odiosa Natureza Humana” já sugere que o quarto álbum de inéditas do Matanza mantém a inseparável fama de mau conquistada pelo grupo ao longo dos anos. Antes, porém, um hiato de cinco anos, o sucesso de um DVD gravado ao vivo com quase todas as músicas do grupo e a dúvida: o disco teria a participação de Marco Donida, guitarrista, membro fundador, criador da identidade visual da banda e compositor de quase tudo que o grupo já fez?

Explica-se que nesse vai-e-vem de shows – cerca de 100 por ano – Donida encheu o saco de viajar de um lado para o outro e decidiu armar cidadela em São Paulo, se dedicar aos desenhos e passear com o cachorro. Com uma agenda atribulada, o guitarrista Maurício Nogueira tomou-lhe o lugar nos palcos e Donida ficou – como se diz no jargão futebolístico – preservado para as gravações e algumas apresentações. Será que daria certo? Era o que perguntavam os incrédulos fãs. A julgar pelas 13 músicas gravadas em “Odiosa Natureza Humana” - onze de Donida - parece que sim. O álbum deve chegar às lojas em março.

O disco foi gravado usando fitas de rolo (nada de arrumações digitais) com o grupo tocando tudo ao vivo, salvo raros detalhes. Tanto que em exíguos três dias o trabalho estava concluído, num resultado pra lá de satisfatório. Ao menos essa é a opinião de Jimmy London, o vocalista grandalhão que nos concedeu esta entrevista. Entre outros detalhes da gravação do novo álbum, ele fala da dura vida de uma banda de rock com “crescimento sustentável”; da “entidade Matanza”, que simplifica tudo e mostra o caminho a seguir; do material que ele andou compondo para lançar de alguma forma, mais cedo ou mais tarde; além de dar conselhos para que bandas independentes aprendam que “tem espaço pra trabalho”. Com vocês, um pouco da odiosa natureza humana:

Rock em Geral: Como está a produção do disco novo? Já tem título?

Jimmy London: O disco tá gravado e tem o singelo titulo de “Odiosa Natureza Humana”. Nós só não mandamos para masterizar porque tem umas coisas de mixagem que estamos esperando o Donida voltar de São Paulo para acabarmos de fazer. Falta aumentar uma coisinha aqui, diminuir uma coisinha ali. Gravamos com o Rafael (Ramos, produtor) no Tambor, de uma maneira que nunca tínhamos feito, em fita de rolo, em três dias. Finalmente gravamos o disco ao vivo que sempre quisemos gravar. Foi totalmente ao vivo, menos algumas vozes, no coro. E a maioria das coisas saiu no primeiro take.

REG: Então vocês ensaiaram bastante antes de partir para gravar…

Jimmy: Fizemos um esquema fuderoso de ensaio. Viemos todos para o Rio um mês antes do disco, na casa do Jonas (baterista), ficamos lá de 12 a 16 horas por dia finalizando música e ensaiando. Quando vimos, estava tudo muito resolvido. O Matanza não deixa a gente inventar as coisas. O Matanza proíbe a que se faça qualquer tipo de viadagem, fique inventando merda. Quando funciona, funciona e acabou. É o tipo de banda que é maior do que nós. Quando a musica rola temos a certeza absoluta de que é aquilo. Alguém bota pilha: “Pô, eu tinha uma ideia de uma situação muito doida, tipo uma levada AC/DC que a gente adora”. Nós tentamos, mas não adianta, quando joga no jeito Matanza de tocar, no “tupá tupá”, funciona. A música fala: “Tô pronta, me ensaiem”. Isso é muito bom. Eu não sei se é um caso de sinceridade por incompetência ou porque temos uma identidade musical. A parada dá muita certeza do que estamos fazendo. Quando eu e o Donida começamos a ver as músicas, teve um papo de “não vamos fazer um disco de saco cheio”, porque já fizemos isso no “A Arte do Insulto”, que fala mal de tudo. Vamos fazer um disco mais bagunça, sem ficar pagando de velho, uma coisa tiro para o alto, tipo o “Santa Madre” (“Santa Madre Cassino”, primeiro álbum, de 2001). E no final o nome do disco é “Odiosa Natureza Humana”, tem uma música chamada “Amigo Nenhum”, outra chamada “Saco Cheio e Mau humor”, outra “Melhor Que Você”… Não conseguimos ir em outra direção, e isso é muito bom para nós.

REG: Quando você diz “Matanza”, parece se referir a uma entidade…

Jimmy: Funciona assim: tocamos as músicas. Essa música podia ter uma levada tal… Aí levamos e achamos que tá legal. Então decidimos levar um pouquinho mais rápido, e mais rápido e a música engole e nós esquecemos aquela tal levada sugerida no início. O Matanza resolve, não tem muito que inventar.

REG: Mas o Matanza já teve suas fases, com inclinações para o hardcore, para o metal extremo, para uma sonoridade “irish”…

Jimmy: Nessas quatro ou cinco coisas que nós sabemos fazer nós variamos. Esse disco tem muito country hardcore, uns quatro ou cinco, tem várias levadas meio “motorbeat”, meio “O Chamado do Bar”. Não tem nenhuma canção. Tem uma música muito diferente, que é minha com o Fernando (Oliveira, multi-instrumentista), do Canastra, chamada “Escárnio”. Todo disco do Matanza tem uma música que é bem diferente. No “Santa Madre” tinha a “Assassinate” (“Ye Ole Bluegrass Assassinate”), uma instrumental de bluegrass. No outro (“A Arte do Insulto”) tinha a “Estamos Todos Bêbados”. A “Escárnio” é uma música muito maluca que tem uma levada um pouco diferente, mais country rock do que country hardcore.

REG: Pelo jeito o disco é total country hardcore…

Jimmy: É muito country hardcore, mas os country hardcore são um pouco mais espertos, mais concisos, porque se você deixar o country hardcore, fica com a harmonia muito simples. A harmonia do country é 1-4-5, com tônica na quarta e na quinta, e você fica variando entre os dois. Se deixar, ele fica ali. Tem uns country hardcore nesse disco que vão para um outro lugar, um pouco diferente, mas é só porque o Donida mandou muito bem.

REG: Ele fez quase tudo?

Jimmy: Tudo como ele sempre faz, todas as músicas sozinho. Só tem essa que eu falei e uma outra que é do China. O disco é absolutamente “de saco cheio e mau humor”.

REG: Como é esse negócio de o Donida não querer mais fazer show? Em geral todo mundo diz que fazer show é o melhor em se ter uma banda…

Jimmy: O cara não gosta mesmo. É engraçado. O brasileiro não tá acostumado a ouvir a verdade. O Donida não quer mais fazer shows, tá de saco cheio, quer ficar em casa desenhando, não aguenta mais viajar. Mas ele vai ficar na banda, vai continuar compondo e vai gravar os discos. Você fala isso claramente e ninguém leva fé. Aí o cara vem gravar o disco e perguntam: “cara, o Donida tá na banda?”.

REG: Mas essa história é difícil de acreditar mesmo…

Jimmy: O cara gosta é de ficar em casa e passear com o cachorro dele. Fica em casa desenhando e fazendo música. Vai para o estúdio amarradão, ensaia amarradão, faz tudo amarradão. Mas o cara não gosta de ficar viajando. Chega quinta, sexta, tem que colocar a mochila nas costas porque tá de saco cheio. É muito simples. Explicar isso para as pessoas é que é difícil.

REG: Você fica na estrada com um cara tocando, e na hora de gravar esse cara não vai e aparece o Donida. Dá certo isso?

Jimmy: Dá, nós tocamos muito tempo juntos para fazer isso.

REG: A banda não vai mudando com o tempo, na estrada, e quando chega a hora de gravar, tá diferente?

Jimmy: Pois é… Esse lance o Matanza tem uma maneira de fazer as coisas que é maior do que a gente. Eu mesmo, por exemplo, posso querer mudar, tô ficando velho… Posso querer fazer um disco de country, cantar sem ser distorcido, mas é o Matanza que manda. Tinha umas músicas nesse disco que eu podia ter cantado sem ser com “voz de monstro”. Não fica bom. Então o guitarrista que entra para tocar, se ele não tocar do jeito do Matanza, não fica bom. E o Donida, por mais que tenha ficado sem tocar, quando vem tocar com o Matanza fica bom quando ele toca do jeito que é, não tem mistério. Por isso que eu te falo que rola uma força ali maior do que a gente. E isso gera a nossa máxima, que é: Não gostou? Pau no seu cu! A gente não tem como fazer as coisas diferentes, é maior do que a gente.

REG: Qual formação gravou o disco? Algum convidado?

Jimmy: Eu, Donida, China e Jonas. O Maurício (guitarrista) também é da banda, mas nós gravamos em três dias. Pensamos em chamá-lo para fazer uns solos mais rebuscados, estávamos cheios de ideia, até que chegamos lá, e em três dias tava tudo pronto. Queríamos fazer um monte de coisa, uma introdução aqui, um trompete com banjo. Quando gravamos o disco tava muito “a verdade do country hardcore”, não tinha espaço para fazer porra nenhuma, de viadagem nenhuma. Adoramos ser aquilo ali mesmo. Teve coisa que eu não tô acostumado, que num disco normal teria gravado varias vezes, compilado a voz com vários takes. Nos outros discos as vozes eram compiladas. Gravava bateria, editava bateria, gravava o baixo, depois começava a guitarra. Tinha guitarra um e dois gravadas, e o solo separado, depois vinha a voz. Nisso iam embora dias, semanas. Gravamos em três dias! É claro que não tem o mesmo nível de precisão, mas valeu muito mais a pena ter feito em três dias e ter a vibe de três dias, do que ficar 40 dias gravando e ficar um tiquinho mais agulhado. E não cover nem convidado… Mal tem a gente!

REG: E esse mau humor que você falou?

Jimmy: É o Matanza no esquema de sempre. Sempre temos essa discussão, dos temas, de não se repetir. Na verdade ia ser muito mais fácil trocar de assunto, fazer o reggae do Matanza e levar para outro lugar. É muito mais difícil manter os temas e conseguir fazer música nova que seja pertinente. O desafio é exatamente esse: continuar fazendo o que a gente sempre fez e conseguir fazer uma parada diferente.

REG: Quais são as músicas que você mais curtiu?

Jimmy: Tem uma que se chama “Remédios Demais”, que é a primeira música do disco, que eu gosto muito. Tem a “Menor Paciência” e “Em Respeito ao Vício”, que são duas feitas há um tempo, que eu gosto muito. Tem outra chamada “Melhor Sem Você”, que é menos agressiva que o normal, é um pouquinho mais Green Day. Eu gosto muito, acho a letra muito boa, fiquei amarradão. Tem uma muito boa chamada “Carvão, Enxofre e Salitre”, que temos tocado direto nos shows. Tem algumas coisas que já estamos tocando. E agora os shows vão ser com as músicas novas, já estamos ensaiando com o Maurício. O show vai ser da turnê inteira, o mesmo set list e acabou.

REG: E o público gostou das músicas novas?

Jimmy: O Matanza é uma banda pouco conhecida do grande público, mas, quem conhece, gosta muito, sabe todas as letras, os caras cantam tudo. Então na música nova os caras se perdem um pouco porque não sabem cantar. Mas vamos fazer um pré do lançamento no MySpace…

REG: E o CD tem algum extra?

Jimmy: O CD não vai ter viadagem nenhuma. Nós ainda vamos fazer um lance que é gravar um DVD tocando esse disco ao vivo, de verdade, sem ser num show, com o Donida, no estúdio, na lata, sem dobrar guitarra, sem nada. É uma coisa que eu quero muito fazer, mas é para o meio, final do ano. Acabamos de lançar um DVD com quase todas as nossas músicas, não tinha porque fazer agora.

REG: Cinco anos sem disco de inéditas não é muito tempo?

Jimmy: É muito tempo, sim, mas teve lance do DVD que foi muito grande e deu muito trabalho. Teve muito show, foram três anos com uns 90, 100 shows por ano. É como fazer sempre três shows por fim de semana, o que não é fácil. O pouco tempo que sobra é difícil fazer alguma coisa. E tem mulher, família, tem vida, não quero ser escravo. Apesar de eu gostar muito da banda não quero fazer só isso. E quando o Donida falou que ia tirar um tempinho, foi difícil. Para ele ter chegado a esse ponto, em cima de uma parada que ele faz desde que nasceu, foi um processo complicado, não é fácil um dia parar. Ele tem que chegar num nível de estresse e cansaço muito grande. Estávamos há dois anos sem fazer disco quando isso aconteceu. Depois disso, no ano passado, nós começamos a fazer esse disco. Eu fui para São Paulo, ficamos eu e o Donida gravando na casa de um camarada, com a bateria montada. Ele gravava guitarra e baixo, eu gravava umas vozes e íamos vendo o que era bom, o que era ruim, tentando ter idéia, porque sempre buscamos um conceito para cada disco, tem sempre uma linha que junta todas as músicas. Ainda ficamos alguns meses para escrever essa linha, ia para um lado, ia para outro, até que decidimos fazer o disco de saco cheio e mau humor, que é o que a fizemos agora.

REG: Qual era um plano inicial?

Jimmy: Queríamos fazer mais para o lado do “Santa Madre”, sem ficar reclamando da vida, sem falar que todo mundo é babaca, sem ser niilista, sem ser cínico. Um disco como já fizemos outras vezes na vida, sabe? E não rolou por que… Primeiro porque tem que rolar uma honestidade nas letras e tem essa vantagem de o Donida não conseguir fazer as coisas que ele realmente não acha. O segundo é que foi indo, as músicas muito boas, o conceito muito bom, estávamos gostando, então é isso. Esse processo de compor não é nada fácil. Nesses últimos tempos eu vinha compondo um monte de músicas com o Fernando, músicas diferentes para um lance que eu pretendo fazer. Eu ouço muito pouco rock, e queria fazer algo menos nervoso do que fazemos no Matanza. A temática é diferente, mas é tão cínico quanto. Eu fiz sete músicas com o Fernando, gravei e guardei na gaveta.

REG: Não cabe no Matanza…

Jimmy: Uma coube, que é a “Escárnio”, mas as outras seria mais difícil. Mas aí eu comecei a gravar o Matanza, o Fernando tá gravando o novo do Canastra e demos um tempo. Não sei o que fazer com isso, mas eu acho uma merda fazer carreira solo. Carreira solo é o caralho!

REG: Se você sai com um disco vira carreira solo…

Jimmy: A questão é que eu não sei o que eu vou fazer com essa merda. Mas eu gosto muito de levar esse som, funcionou muito bem. Pela primeira vez eu entrei em um estúdio sem ter a menor idéia de como seriam os arranjos. Chamamos o Marcelo Calado (Do Amor) para tocar bateria, o Edu (Vilamaior, do Canastra) gravou uns baixos, o China gravou outros, mas tínhamos leves idéias de como seriam os arranjos, não sabíamos nem como era o formato da música. Com o Matanza não tem dessa, nunca tem improviso, não tem nada que faça nós entrarmos em estúdio sem dar a melhor performance que podemos dar, dentro daquilo que já fechamos. Eu resolvi ir ao estúdio e gravar minhas coisas exatamente ao contrário. Gravei e foi maneiro, mas o que eu vou fazer com isso? Não tenho a menor idéia.

REG: Você disse que o Matanza chegou num patamar intermediário. Qual o caminho agora?

Jimmy: Esse patamar é muito rico, tenho muito orgulho de onde chegamos. Conseguimos chegar num lugar de fazer shows em todas as cidades, todo mundo viver da banda, só show astral. Temos uma situação de banda que não deve nada para ninguém, o que é uma grande vantagem. Não devemos nada para nenhum radialista, nunca pedimos muita coisa nem para a gravadora, sempre quisemos não dar “preju”, nem trabalho, nem estresse. Não dependemos de nenhum empresário ou galera ou de porra nenhuma para fazer lance. Chegamos aqui pelos nossos esforços, nossa música, nossa atitude nos shows, pelo que conseguimos fazer. Isso ajuda muito porque se quisermos ficar nessa para o resto da vida, ficamos. Gostaria muito de entrar num circuito de rodeio, ganhar esse cachê, mas isso é muito “gente grande”, é o que toca no rádio e dupla sertaneja.

REG: O Matanza nunca tocou em rádio?

Jimmy: Num programa ou outro, mas veicular na rádio não rola. Eu nem sei o que é radio hoje em dia… Mas nós estamos muito bem, temos nossas parcerias que funcionam. Agora é manter isso e continuar crescendo. O Matanza faz o que o Brasil deveria fazer: crescimento sustentável, e sem taxa de juros! Nunca enfiamos um cachê na boca de ninguém e ninguém nunca levou um “preju” com o Matanza, a menos que tenha caído um temporal ou coisa assim. Show do Matanza sempre tem gente, o contratante sempre se dá bem, e, por mais que aumentemos o cachê, fazemos isso junto com o crescimento do público. O Matanza nunca deixou de ter uma curva ascendente.

REG: E onde o Matanza se situa no mercado brasileiro de hoje?

Jimmy: O Matanza é a prova viva de que tem espaço pra trabalho. Canso de ver banda que levanta uma grana, grava um disco com um produtor melhor, um disco bom, manda masterizar em Nova York, contrata uma assessoria de imprensa, dá seis meses de um gás absurdo, toca em dois ou três festivais e depois de seis meses, um ano, não tá ganhando dinheiro com aquela merda e a banda acaba.

REG: Por que isso acontece?

Jimmy: Porque nego não sabe que a parada é trabalho, se surpreende ou nem consegue chegar ao ponto de descobrir que o lance é muito trabalho. Nós trabalhamos pra caralho, todo dia, e quando tem show, trabalhamos mais ainda. Eu acordo tarde - duas, três horas da tarde -, mas vou para o computador e passo o dia inteiro trabalhando, até umas onze horas da noite. Passo o dia inteiro vendo tudo.

REG: Tudo, o que?

Jimmy: Primeiro que eu sigo todos os shows. Nenhum show que é marcado eu deixo de seguir, saber onde vai ser, o que é, como vai ser. Eu não sou um roqueiro tradicional, fui criado por pais empresários. Não quero ser empresário do Matanza, porque tem que separar as coisas, mas também não consigo deixar rolar, é uma coisa minha. Segundo que eu faço uma frente do Matanza de toda a parte de parceria e marketing. Quem fecha os contratos de endorsement (apoio, patrocínio), que são muito complicados, sou eu. É uma coisa importante, mas que dá muito trabalho, tem que conversar e desconversar mil vezes, esperar, voltar. Terceiro que tem a questão de fazer parcerias para evento, empresas de bebida… Tem um monte de coisas que eu não me conformo até hoje de não ter conseguido fazer. Por exemplo: não ter conseguido um patrocínio de uma fábrica de caminhões para fazer uma turnê do Matanza em cima de um caminhão-palco, de graça, que é a coisa mais maneira do mundo. Eu não admito nunca ter conseguido fazer isso e vou continuar tentando. E o quarto são as entrevistas, contatos, “grava não sei o quê para não sei qual rádio” o tempo todo. Todo show tem matéria, todo dia. Isso é trabalho. E tenho que estar em cima com a minha voz, ensaios, gravadora. É muito trabalho, e nego acha que viver de rock é mole.

REG: Você acha que a maioria das bandas não se dedica tanto…

Jimmy: Elas não têm a menor idéia de que têm que trabalhar. Eles acham que o lance é “chegar no palco, quebrar tudo que vai ser do caralho e vão chamar a gente pra tocar”. Isso é a obrigação, não chega nem perto do seu trabalho, é como o taxista saber dirigir. O resto todo é que é um trabalho do caralho. E nego não tem idéia. No mercado brasileiro são pouquíssimas pessoas que trabalham muito e acabam tendo suas carreiras acontecendo de uma maneira ou de outra. Vê o BNegão, tá sempre fazendo alguma coisa, é um cara que trabalha.

REG: Você parou com o trabalho na TV?

Jimmy: Na MTV, sim, mas eu tô querendo fazer um programa novo de TV, espero que role por outro canal. É um projeto que eu escrevi que eu quero muito fazer, de música. É uma coisa que aborda a questão da história do rock, tem um milhão de maneiras de contar e de mostrar isso, vamos ver.


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