terça-feira, 25 de outubro de 2011

(*) Leonardo Panço, testemunha ocular da escória

A primeira coisa que eu tenho para falar sobre o novo/velho (porque na verdade foi o primeiro que ele escreveu, apenas demorou “um pouco” – mais de uma década! – para lançar) livro de Leonardo Panço é que ele é cheiroso. Sim, cheiroso! Pra quem gosta de cheiro de tinta impressa em papel, claro. Eu gosto. Muito. Especialmente se o impresso for novo – e este é, está lá, na abertura: 1ª. Edição, outubro de 2011.

Gosto de sentir o cheiro dos livros, sempre gostei. Porque ? Não sei. Só sei que é assim, e na internet não é assim, embora imagine que qualquer dia inventam, também, a internet com cheiro. Deve ser amor, pois sempre cheirei os livros que lia, às vezes em público, para a surpresa dos desavisados, como Adolfo Sá no dia do lançamento do “Esporro” aqui em Aracaju. Dito isto, digo mais: o livro é bonito. Não sei se é gostoso, porque não como livros. Não com a boca, pelo menos. Com os olhos, talvez. A capa é ótima, a encadernação é boa e as páginas, ricamente ilustradas com inúmeras fotos e reproduções de cartazes de shows, fluem com facilidade ao serem manuseadas.

Agora o conteúdo: é divertido. Muito divertido. O que esperar, afinal, de um livro que se propõe a contar historias do underground carioca da primeira metade dos anos 90, principalmente, quando algumas das mais insanas formações do rock brazuca, como Gangrena Gasosa, Zumbi do Mato, Piu Piu e sua banda e chatos e chatolins estavam em plena atividade e com seus membros na fina flor da juventude descompromissada ? Loucura total, claro!

Temos encontros inusitados, por exemplo: você sabia que o Fugazi, uma das mais sérias (sério mesmo) e respeitadas bandas de rock alternativo do mundo, já tocou com a Gangrena Gasosa num pico suburbano tosco da baixada fluminense? E se eu te disser que houve um encontro pra lá de bizarro entre membros das duas “agremiações” no banheiro do local do show? Pois aconteceu, e está lá, contado em detalhes. Assim como estão inúmeros outros episódios curiosos e pitorescos, como a quase prisão dos membros do zumbi do mato por estarem cheirando balas garoto, os bastidores da entrevista da Gangrena (campeões de insanidade) no programa do Jô Soares, as tentativas de estupro e de shows pirotécnicos dos Chatos e Chatolins e as loucuras de Piu Piu, famoso por tocar fogo no próprio corpo e broxar recebendo um boquete em pleno palco – tudo isso e mais os perrengues comuns pelos quais todos, sem exceção, já passaram, e com os quais qualquer pessoa que já tenha se aventurado por um momento que seja no mundo do rock independente e alternativo vai se identificar.

Porque nem tudo é loucura total, claro – há algumas passagens bem ingênuas até. Mas tudo junto forma um impressionante mosaico e acaba ajudando, e muito, a contar uma história: a história de uma cena que fez história, para além dos que se projetaram na mídia, como o Planet Hemp, principalmente. Os que ficaram pelo caminho, como Poindexter, Soutien Xiita, Anarchy Solid Sound e Sex Noise, deixaram também um legado valioso que merece ser resgatado, e este livro o faz com louvor. Isto pra não mencionar os que continuam por aí, existindo e insistindo, como a Gangrena, o Zumbi e o próprio Jason, banda posterior do autor, que segue firme em nova formação preparando um novo disco.

O painel é, inclusive, bem mais amplo do que Panço deixa entender nas entrevistas, com suas compreensíveis ressalvas de que seu relato é incompleto. Está quase tudo lá – o que de mais relevante aconteceu no cenário da época está, senão esmiuçado, pelo menos citado, sempre. E satisfatoriamente retratadas estão as carreiras de inúmeras bandas, produtores, personalidades e casas de espetáculo: além das já citadas, temos pequenas biografias dos Beach Lizards, do Dash, de Simone e do Formigão, do Funk Fuckers, do B. Negão, de Skunk e Marcelo D2, do Cabeça, da coletânea paredão, lançada pela “major” EMI, do Garage, o “templo” de todos, e de Fabio, dono do Garage, de quem são, apropriadamente, algumas das últimas palavras escritas no livro.

Missão cumprida, Leonardo Panço. Pode descansar.

Sei que não ...

por Adelvan

Foto: Mauro Pimentel

* Expressão “ixpierta” cunhada por Adolfo Sá em seu blog, de onde surrupiei também a entrevista abaixo:

VLB - Quando eu te conheci vc tinha uma banda e dois zines. O que veio primeiro, a roqueiragem ou o zinismo?

LP - O rock, sempre. Sempre tive um único sonho, que foi o de ser guitarrista de uma banda de rock. Todas as outras coisas vieram depois, ao acaso, com o passar do tempo eu fui viajando em outras paradas, desenvolvendo novas ideias, e daí vieram os zines, os livros, a gravadora, as turnês de banda e livro, e tudo mais.

VLB - Pra quem não conheceu, poderíamos dizer que se a Soutien Xiita fosse uma pizza seria uma grande 3 sabores: Anthrax, Pantera e Faith No More?

LP - Acho que o Cabelada diria que faltou um Red Hot aí e eu diria que faltou Cólera, Replicantes e Garotos Podres em alguns momentos. Mas principalmente FNM e Pantera total. Anthrax também, mas acho que menos.

VLB - Vc trampava na EMI qdo nos conhecemos, tava no projeto PAREDÃO. Continuou lá depois que a coletânea saiu?

LP - Enquanto o PAREDÃO foi divulgado, eu estava lá sim, inclusive a festa de Curitiba eu ajudei com toques, a do Rio também, eles me consultavam para saber o que seria melhor, etc. Fui estagiário da EMI por pouco mais de um ano e hoje vejo que não deveria ter saído. Eu ficava ouvindo fitas demo o dia todo, de tudo que é estilo, e tentava indicar ao pai do Rafael o que eu gostava. Mas não sei identificar um pagode bom, um axé bom, e achava chato ficar lá fazendo aquilo. Saí da EMI porque me achava meio inútil lá.

VLB - Foi daí que vc e o Rafael começaram a Tamborete?

LP - Comecei a Tamborete com o Rafael nessa época e acho que teria dado para conciliar as duas coisas por um tempo, principalmente por causa do dinheiro que eu recebia e fazia muita falta.

VLB - Falando no Rafael, quando vcs e os 2 do Poindexter montaram o Jason, foi tipo uma superbanda do underground carioca né? Só figura carimbada... Vcs tinham essa idéia qdo começaram a tocar juntos?

LP - A ideia era fazer uma coisa que a gente não vinha conseguindo fazer nas nossas três bandas (apesar de que eu acho que o Soutien já tinha acabado), que era não se aborrecer, não ter pessoas que faltassem aos ensaios, que não fossem aos shows, e acima de tudo, fazer músicas de maneira mais rápida, sem muita firula. Então criamos uma regra de cada um levar as músicas prontas e o Flock levou o caderninho com letras, tanto que 'Marra de Cão' é 100% igual agora a primeira vez em que ela foi tocada. Tudo muito simples e rápido. Mas não tínhamos ideia de ser uma superbanda não. Essa é o Superheavy de Jagger, Marley, Stone...

VLB - O Soutien durou quase 10 anos, mas viajou pouco, tocou em poucos festivais e só lançou 1 disco, depois de muitas demos. Já c/ o Jason foi o contrário, as coisas sempre aconteceram mais rápido: discos, viagens e sei lá, festivais?! Além de vcs estarem mais experientes e espertos, a banda nova tinha um esquema mais redondinho que funcionava melhor?

LP - Se a gente pensar direitinho, o Soutien praticamente só durou 2 anos, que foram 92 e 93. Nesses anos a gente compôs acho que 99% das músicas que entraram no CD, foi quando não mudamos de formação, conseguimos tocar mais, etc. Depois o que eu considero foi o ano que tivemos com Pedro e Melvin na bateria e baixo. Tocamos em SP, interior, PR, SC, na Expo Alternative em 96. Em 99 a gente voltou com a formação das antigas para uns 4 ensaios e a gravação do disco, e encerramos para sempre no show de lançamento. Já realmente com o Jason foi ao contrário, porque as coisas eram mais diretas, cada um tinha uma área de atuação mais clara, Rafael na produção, eu nos shows, Flock com a arte, e toda semana tinha ensaio, a gente criava em casa, levava coisas prontas, era tudo mais interessante e produtivo. Depois coloquei pilha para começarmos a viajar e por aí foi.

VLB - O disco de estréia do Jason, ODEIA EU, é puro hardcore e só tem hit! Depois a banda seguiu numa direção mais... new metal? C/ umas letras mais... abstratas? Se bem que o REGRESSÃO tem uns HC nervosão...
LP - Eu ainda acho que o segundo é parecido com o disco de estreia de certo modo. Ele ainda é bem direto, as letras são mais diretas. Mas o terceiro realmente é bem mais viajante, rolou uma outra época na vida de todo mundo, é normal. E mais viagem ainda é a leva que gerou um CD split lá na Europa, com o Glerm (ex-Boi Mamão) no vocal. Capaz que nestas músicas estão minhas melhores guitarras, que inclusive gravei no nordeste, com a produção de Marcelo Gomão (Vamoz), na minha modesta opinião, um dos três melhores guitarristas do Brasil, sendo que diria o de melhor gosto.

VLB - Vcs fizeram mais alguma tour européia além da que tá no livro JASON 2001?

LP - Fizemos sim. Em 2003 foram 26 shows em 4 países. Tivemos um problema com o Glerm, ele teve que voltar para o Brasil, e perdemos uns 3 ou 4 shows e fizemos 19 como um trio. Em 2006 voltamos para 38 concertos em uns 6 países, eu acho.

VLB - Tocaram pela América do Sul tb?

LP - A gente esteve prestes a ir duas vezes, mas não aconteceu. Hoje eu vejo que foi melhor, seria muito mambembe e traria complicações muito maiores que os êxitos.

VLB - Esse livro que eu citei já tem 10 anos. Qdo vc tocou pela 1ª vez na Europa, uma coisa que te chamou atenção foi o esquema profissa c/ que os squats funcionam lá e a infra que as bandas têm, tipo vans, amps delas mesmas. Vc disse que ainda faltava muito pro Brasil chegar nesse nível. E agora, falta quanto?

LP - Agora a gente está diferente de uma maneira muito melhor, mas acho que nunca vamos ser como eles, porque nós somos nós, não eles. Acho que nunca vamos ter tantos squats como eles, nem tantos centros culturais, nem vans, etc. Seria legal que as bandas tivessem seus próprios amps, isso ainda acho que é viável, e que vamos ter ainda. Mas estamos melhorando.

VLB - Quais foram os shows mais memoráveis da sua vida? Quais as bandas c/ quem vc mais gostou de tocar junto na mesma noite?

LP - Pô, são quase 500 shows, difícil lembrar de tudo. Poderia falar de um monte, mas vou falar do mais emocionante na minha opinião. Provavelmente os outros têm outras opiniões. A gente passou por dificuldades gigantes, muito complexas mesmo, na tour de 2003 na Europa, coisas que o próprio Glerm explicou no blog dele na época. E numa segunda-feira tivemos que viajar uns 600km pra ir levar ele ao aeroporto de Frankfurt para ele voltar ao Brasil, foi tudo muito difícil. Tínhamos show nesse dia na Alemanha e ligamos para o promotor para dizer que a gente tava longe para caralho e não daria para chegar, uma segunda, já era tarde, etc. Isso com a gente já na estrada. Daí o cara falou 'mete bronca, vem para cá, que ninguém vai embora enquanto vocês não chegarem'. Marcelo meteu 190 na van e chegamos lá quase 11 da noite. Tinha umas 50 pessoas esperando, a gente fez o show como trio, sem saber nem quais músicas tocar, o que fazer, e foi fuderoso. As pessoas gritaram, deram muita força, pediram bis, mosh, pogo. Para mim é o meu dia mais emocionante.

VLB - Qdo vcs vieram tocar em Aracaju em 98, numa festa que eu tava ajudando a organizar, tu colecionava credenciais e o Flock cartões telefônicos [!!!]... Continuam as coleções?

LP - Eu não, Flock também não creio. Na verdade não sei se era uma coleção exatamente, mas eu guardava todas as credenciais. Na verdade guardo até hoje, mas agora não tenho mais credenciais. Era uma época em que eu estava muito mais envolvido com o show business, eu acho. Ia nas festas, recebia convites para festivais, ganhava camisetas, discos, as pessoas queriam que eu estivesse por lá por causa de reflexos da EMI, do começo da Tamborete, etc. Em algum momento da minha vida eu fiquei de saco cheio disso e me afastei um pouco, comecei a achar tudo chato, e na real, hoje acho que ainda acho, pouco apareço nos shows, eventos, a não ser que tenha bebida e comida liberada, aí dependendo do que for, eu até vou. Então não ganho mais muitas credenciais, ainda mais agora sem tocar no Jason, né.

VLB - Por que vc saiu do Jason e aposentou a guitarra?

LP - São mil motivos, mil razões, etc, mas acho que dá para resumir no último ensaio que eu fui. Não sei o que toquei, estava achando um saco estar ali, não via a hora de ir embora fazer o que eu tinha marcado para logo depois, não queria estar lá, simples assim. Acho que foi aos poucos, mas fui me enchendo de tocar, de pegar ônibus para ensaiar, uma outra fase na vida mesmo. Mas a guitarra eu sigo tocando em casa todos os dias de brincadeira, como deveria ser na verdade, sem obrigação. Quem sabe sai alguma música ali e eu dou para alguém gravar...

VLB - Vc manteve todas as suas guitarras?

LP - Eu sou, guardadas algumas proporções, como Tony Iommi do Black Sabbath. Um marshall, uma palheta, uma correia, um cabo e uma Gibson SG. Ele tem a vantagem de ter um dedo de metal e tocar mais pesado que eu. :) Mas é o que digo acima, toco todos os dias um pouquinho. Mas só tenho essa guitarra agora. A Finch Les Paul vendi quando estava sem emprego e a Washburn que usei para gravar o ODEIA EU, dei de presente para o filho da minha prima, o Matheus. Ele tinha três anos, agora cinco, e eu vi o talento dele com duas colheres de pau num tamborete, incrível mesmo. Daí minha prima disse que ele ficava brincando de raquete de tênis como se fosse uma guitarra e peguei a minha e dei de presente para ele. Ele surtou: 'Minha guirrata, minha guirrata!'... Acho que foi bem feito e espero que ele aproveite bastante.

VLB - Mesmo assim vc e os caras continuam parceirões né. O Flock fez a arte do livro novo e os cartazes da tour...

LP - Olha, para ser sincero, minha relação com o Marcelo sempre foi 100% ligada ao Jason, é possível contar nos dedos de uma única mão as vezes que nos vimos fora de algo relacionado à banda. Acho que temos uma relação boa, mas distante. Capaz que a gente é meio parecido, de ficar muito em casa, fazendo suas coisas, etc. O Vital não vejo desde janeiro e nem falei mais. Acredito que não haja nenhum problema, mas também a vida acaba levando cada um para lados diferentes. É uma cidade muito grande, temos empregos que já nos colocam muito ocupados e geograficamente distantes. Para ser sincero, acho que vejo poucas pessoas, sem ser as que trabalham comigo no dia-a-dia. Flock realmente eu encontrei agora para as coisas do ESPORRO e nos falamos bastante para resolver tudo da edição do livro, tomar milhões de decisões juntos. As fotos de divulgação foram feitas na minha casa. Aquela parede grafitada é a minha sala, que ele pintou na festa do meu aniversário de 2009. Não pude ir na exposição dele porque saio 22h do trabalho e não era compatível com os horários do café onde ele estava expondo.

VLB - Panço, essa sua tour de lançamento do ESPORRO é um negócio meio inédito no Brasil, mas nem tanto. Vc mesmo já tinha feito coisa parecida em 2009 qdo lançou o CARAS DESSA IDADE NÃO LÊEM MANUAIS...

LP - Tenho para mim que não é inédito porque eu mesmo inventei de fazer uma outra do segundo livro em 2008/2009, isso é mais comum nos EUA, acho que até na Europa não se faz muito, para ser honesto não sei. Sei que na 'América' é comum.

VLB - E agora, já passou por quantas cidades?
LP - Já lancei em Curitiba, Joinville, São José, Florianópolis, Porto Alegre, Campo Bom, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa e Natal. Agora tenho dois eventos em SP, Bauru, São Carlos, Bragança Paulista e Campinas. Daí volto para casa e estou fechando Rio, Nova Iguaçu, Resende e Volta Redonda, todas cidades no RJ. Espero que novos convites cheguem.

VLB - Quais as noitadas mais legais da tour até agora?

LP - Tenho uma noite preferida, mas não falaria qual é, soaria deselegante com as outras.

VLB - O livro tem vendido bem? Vale a pena esse esquema de pegar a estrada p/ lançar livro?

LP - Se vale a pena ou não, é sempre uma discussão grande. Se você vende 15 livros em uma cidade do outro lado do Brasil, pode achar que não foi grande coisa, e eu particularmente, acho pouco, mas as pessoas com quem eu converso dizem que foi bom. Eu sigo achando que poderia ser melhor, mas já é claramente melhor que a tour anterior.

VLB - Cara, as histórias do Gangrena Gasosa são as mais insanas do ESPORRO, terrorismo total. Ficou alguma coisa de fora, tipo impublicável?

LP - Ficou sim. Eu achei que hoje em dia algumas coisas não valem mais a pena, o povo tem filhos, empregos, casamentos. Não exatamente da Gangrena, mas no geral, espero ter tirado o que não cabia ali. Só se eu tivesse uma editora grande, que assumisse possíveis processos.

VLB - Por que o Fumê, vocalista mais louco do Zumbi do Mato, passa meio batido no livro? Não descolou nenhuma foto dele?

LP - Nunca vi um show do Zumbi com o Fumê, de repente pode ter sido um erro meu, mas não cogitei entrevistar ele, nem nunca falei com ele na verdade. Acho a gravação da demo com ele absolutamente genial, um espetáculo do mundo moderno, mas no final das contas não falei com ele.

VLB - Eu conheci ele em 96, de moicano e jaqueta de couro distribuindo sopa pros mendigos no centro. Só gosto do Zumbi do Mato c/ o Fumê, c/ o Löis é mais cabeça, o cara é músico, universitário, e o Fumê era mais demente, quando ele cantava “vai chupar cocô pra ver disco voador” vc sentia que o negócio era mais ameaçador... e engraçado! A última notícia que eu tive foi de um cartaz anarco-punk que é a foto dele beijando um cara, essa poderia entrar no livro hahah...

LP - Ele beijando um cara? Seria só mais um cara beijando outro cara, não há nada demais nisso.

VLB - Adelvan me falou que uma vez levou o Jason inteiro pra um puteiro aqui de Aracaju depois de um show de vcs...

LP - Já fui em puteiro com Adelvan umas duas vezes, eu acho, e essa noite a que ele se refere foi muito divertida. Um senhor, que era professor de uma Universidade do SE, ficou pelado e brochou. Foram horas divertidas e de cerveja barata, mas nada de conjunção carnal.

VLB - Vc é autêntico carioca suburbano... As zonas norte e oeste são tipo um outro Rio, comparadas à zona sul e Barra né. Como se fosse outra cidade. Eu nunca fui na sua casa, então diz aí: a Vila da Penha é legal de se morar? É sossegada ou rola aquelas fitas de tiroteio e tals?
LP - Eu acho tranquilaço de morar na Vila da Penha, é onde eu nasci e cresci e onde morei a vida inteira. Tem tiroteios de vez em quando, já caiu bala no meu quintal, mas eu sigo lá e gosto no geral. A parte ruim é ser tão longe do trabalho, na Barra da Tijuca. São quatro ônibus por dia, 90km ida e volta, 3h perdidas. Mas para eu sair de lá, numa casa com meus cachorros, árvores, etc, e ir morar mais perto, teria que morar num quitinete apertado, pagar aluguel, jogar meus cachorros nas ruas, de onde eles vieram, não faz muito meu estilo.

VLB - Vc trabalhou um tempo no globoesporte.com e agora tá na globo.com. Qual sua função e como vc começou a trabalhar lá?
LP - Fiquei 7 meses no globoesporte.com como TR, que é o mocambo que narra os jogos de futebol escrevendo, uma tortura chinesa. Além disso era redator quando não tinha jogos. Me demiti e fui para a Europa de bobeira por três meses. Longa história. Depois voltei para um contrato de quatro meses para o amador, ou seja, todos os esportes que não futebol. Era só um apoio para as Olimpíadas. Agora já estou há 3 anos como um dos editores da home, do portal da globo.com. Agora sim eu gosto, acho mais divertido, não precisa ver jogos de futebol o tempo todo. Apesar de entender, mais ou menos gostar, ter um time (Vasco), não gosto de ver jogos de futebol, muito menos por obrigação.

VLB - A Tamborete é um selo que começou como gravadora mas hj tb funciona como editora. Qual o futuro que vc vê pro mercado de música?

LP - Acho que a tendência é cada vez ser tudo mais gratuito do que já é agora, não creio que os CDs resistam por muito mais tempo. Ainda tem amantes do formato físico, pessoas que gostam de vinis também, mas as novas gerações não dão a mínima no geral.

VLB - E a cena do RJ, como tá hoje?

LP - Acho que está como sempre esteve, mas para ser sincero eu mal frequento shows, não conheço as bandas novas, não apareço muito nos lugares. Nova geração, seja bem-vinda.

VLB - A pergunta que não quer calar: O que é o 'meneghetti'?

LP - Essa só o Claudio do Soutien Xiita pode responder, já que ele é o criador.

por Adolfo Sá

Viva la brasa

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