segunda-feira, 21 de maio de 2012

rock Sinfônico

Um Teatro Tobias Barreto lotado recebeu na última quarta-feira, dia 16 de maio de 2012, o CORUFS – Coral da Universidade Federal de Sergipe, a OSUFS – Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Sergipe, e a OSVC – Orquestra Sinfônica Vale do Cotinguiba, para uma noite de comemoração alusiva aos 44 anos da UFS. Era o Grande Concerto Sinfônico, também chamado de “Rock Sinfônico”, parte do projeto UFS Cultura. Já tinha lido a respeito do evento no Facebook, mas me instiguei mesmo para ver depois de ouvir uma excelente entrevista com o maestro Ion Bressan no programa Mural, de Ricardo Gama e Isabela Raposo.

Seriam cerca de 300 músicos reunidos para a noite, o que provocou um verdadeiro congestionamento no palco. Nada muito grave: no final todo mundo se acomodou, o maestro se postou em seu tablado e a grande noite começou com a abertura da opereta “A Cavalaria ligeira”, de F. Suppé. Bela melodia, uma daquelas músicas clássicas que todo mundo reconhece aos primeiros acordes. Por ali já deu pra notar a competência dos músicos envolvidos na empreitada ...

O segundo número foi um muito bem arranjado “pout-pourrit” de Aberturas clássicas que começou, como não poderia deixar de ser, com o pra lá de famoso som do destino batendo à nossa porta, o “tchan-tchan-tchan-tchan” da 5ª. Sinfonia de Ludwig Van Beethoven – na minha modestíssima opinião, o maior compositor que já pisou sobre a face da terra. Ok, pau a pau com Mozart, digamos assim, mas por uma questão de gosto pessoal, eu prefiro Beethoven. Não consigo lembrar quais foram as outras obras cujos trechos foram executados, mas lembro bem que os acordes da 5ª. pontuavam todo o número, “amarrando” a execução. Excelente.

A terceira peça foi, compreensivelmente, a mais ovacionada da noite: “A Marcha imperial”, de John Willians, nada menos que a música-tema do maior vilão da História da sétima arte: Darth Vader!. Bressan falou na entrevista para o radio que chegou-se a cogitar que ele a executasse devidamente paramentado como o Lorde Sith, mas não encontraram uma fantasia adequada. Uma pena, teria sido ótimo! Perdão, teria sido ainda melhor, porque ótimo, foi.

Para o quarto número do programa o maestro pede um pouco de paciência da platéia para que um novo instrumento seja posicionado no palco. Tratava-se de uma máquina de escrever, objeto de museu, observou ele, provavelmente desconhecido de boa parte das pessoas presentes no recinto. Rodrigo Santos “tocou” a máquina (devidamente “afinado” ali na hora, sob o riso de todos), auxiliado por mais dois músicos que reproduziam o sino e o som que a dita cuja faz quando é preciso passar para uma nova linha. Era “The Typewritter”, de L. Anderson, escrita para ser executada por orquestra e máquina de escrever. Excelente composição, “redondinha” e divertida. Não conhecia ...

Já para “Floresta do Amazonas”, de Heitor Villa Lobos, o número seguinte, faz-se necessária a presença do Coral da UFS, que adentra o palco sob efusivos aplausos. O maestro, sempre bastante comunicativo e didático, nos explica que não há uma letra propriamente dita no canto daquele coral, apenas uma reprodução honomatopéica do que o compositor entendia ser alguns cantos indígenas. Muito bonito.

Numa determinada altura do espetáculo, que prosseguiu com o Coro dos Soldados da ópera “Fausto”, de Gounod, e a belíssima “Dies Irae” da “Missa Requien” de Mozart, o maestro foge ao protocolo para saudar o “magnífico” (acho este título meio ridículo, mas ok, quem sou eu para questionar este tipo de formalidade) reitor da UFS, Josué Modesto, e o empresário proprietário da empresa de Pisos e revestimentos Escurial, patrocinadora do evento e, principalmente, da Orquestra do Vale do Cotinguiba – segundo ele, dois verdadeiros visionários, sem os quais nada daquilo seria possível. Para ilustrar o que estava dizendo, solicitou que viessem à frente do palco os dois mais jovens músicos da orquestra, dois gurizinhos que não deveriam ter mais que 4, 5 anos de idade, ressaltando que a maior dificuldade, no caso, não era ensiná-los a tocar violino, mas achar ternos que coubessem em seus diminutos corpos. Foram todos merecidamente ovacionados.

O oitavo número era um dos mais aguardados por mim: “O Bom, o mau e o feio”, que o genial Enio Morricone, um dos maiores compositores de trilhas sonoras para o cinema de todos os tempos, compôs para o filme homônimo do igualmente genial diretor Sergio Leone. Sou fã incondicional de ambos e adorei a versão, com detalhes muito bem sacados no arranjo para adaptar a melodia à formatação das orquestras e do coro.

Depois do Coro dos Ferreiros da ópera “Il Trovatore”, de Verdi, chegou a hora do momento “rock” propriamente dito, com a subida ao palco do guitarrista César Ribeiro, velho conhecido dos que freqüentavam shows do estilo na década de 90 do século passado, quando atuava com sua banda Samantha, para acompanhar a orquestra na execução de 4 momentos do musical “Jesus Christ Superstar”, de Andrew Lloyd Weber: “João 19:41”, “Overture” (Abertura), “Hosana” e “The last Super”. Os arranjos, também excelentes, eram mais uma vez do maestro Ion Bressan, que ressaltou que César estava tocando uma guitarra fabricada pelo conhecido luthier local Elifas Santana e que a mesma seria leiloada em prol do GACC – Grupo de Apoio à Criança com Câncer. O ganhador receberia o prêmio das mãos do músico Armandinho, cliente fiel de Elifas. Para contribuir e participar do sorteio, entre em contato com Danilo Barreto através do telefone (79) 3042-9171.

Fechando a noite, “Smoke on the water”, do Deep Purple, tocada por César e pela orquestra e cantada pelo coro e pela solista Vanessa Lockhart. Não foi ruim, evidentemente, mas acabou sendo o momento mais fraco da noite: a guitarra estava muito baixa e ficou apagada e a pronuncia em inglês da solista deixou um pouco a desejar ...

Foi tão boa a noite que achei até curta demais – deu tempo, inclusive, de pegar a última sessão de “Os Vingadores” no cinema. Para mim, ignorante que sou do que acontece no mundo da música erudita, especialmente em nosso pequeno estado, foi extremamente gratificante conhecer o talento de pessoas tão dedicadas e competentes. Estão todos de parabéns, especialmente o maestro Ion Bressan, de quem já sou, assumidamente, um fã.

Que venha mais! Muito mais!

por Adelvan “Kenobi”

Nenhum comentário:

Postar um comentário