sexta-feira, 12 de outubro de 2012

por onde anda ...

Cláudio César Dias Baptista (também conhecido pela abreviatura CCDB, São Paulo, 6 de maio de 1945) é escritor, produtor de equipamentos de som e músico brasileiro. Foi um dos fundadores do grupo musical "The Thunders" (depois rebatizado "Os Seis") que viria a se tornar mais tarde Os Mutantes. Depois da entrada de Rita Lee, que com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias (irmãos de Cláudio) integravam a formação considerada clássica da banda, CCDB atuava nos bastidores como "o quarto mutante" (chamado por alguns "O Primeiro Mutante", "The First Mutante", "O Quarto Integrante da Banda" ou ainda "O Mutante Oculto", uma referência a seu estudo místico), fazendo as vezes de técnico de som e construtor de todo o equipamento dos Mutantes, como a Guitarra de Ouro, as mesas de som e os equipamentos CCDB. Cláudio começou a mostrar seus dotes ainda criança, construindo telescópios. Em 1963 fabricou suas primeiras guitarras. Uma delas, a partir de um violino.

A pedido de um amigo, empenhou-se em fazer “a melhor guitarra do mundo”, com peças banhadas a ouro. Ao cabo de oito meses, entregou a encomenda. Na parte de trás, a inscrição de uma “maldição”: se alguém roubasse a guitarra, espíritos perseguiriam o gatuno para sempre.

Em 1964, os irmãos Arnaldo Baptista e Cláudio César Dias Baptista, juntamente com Raphael Vilardi e Roberto Loyola, fundaram o grupo The Wooden Faces. Um ano depois, conheceram e convidaram Rita Lee - então no Teenage Singers - a integrar a banda. Ainda entraria no grupo Sérgio, o caçula na família Baptista. A nova banda passou a se chamar Six Sided Rockers, depois O Conjunto e O´Seis.

Em 1966, eles gravaram compacto simples pela Continental com as composições "Suicida" (de Raphael e Roberto) e "Apocalipse" (de Raphael e Rita), que vendeu menos de duzentas cópias. Ainda naquele ano, Cláudio César, Raphael e Roberto deixariam o grupo. Com o aparecimento dos Mutantes em 1966, Cláudio fica responsável pela construção dos instrumentos: guitarras, baixos e amplificadores. Seus inventos proporcionam possibilidades ímpares de sonoridade, marca registrada da banda. Arnaldo, Rita e Sérgio mantiveram o grupo, que foi rebatizado com o nome definitivo de Os Mutantes - por sugestão de Ronnie Von, que, naquela ocasião, lia O Império dos Mutantes, ficção científica de Stefan Wul. Von, uma das estrelas da Jovem Guarda, comandava então o programa dominical O Pequeno Mundo de Ronnie Von, transmitido pela TV Record, e não havia gostado do nome anterior. Em 15 de outubro de 1966, Os Mutantes estrearam no programa. Impressionaram tanto que o grupo foi convidado a fazer parte do elenco fixo do programa. Eles também participaram das gravações do LP Ronnie Von - nº 3

Fonte: http://www.contrabaixobr.com/t17260-luthier-historia-claudio-cesar-dias-baptista-ccdb

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Ardo é um músico inquieto e inventivo. É o motor criativo de Os Atlantes, banda que ele integra ao lado do irmão, Sérias, e da mulher, Ree. Apreciado por sua originalidade, o conjunto acabou precocemente depois que os músicos começaram a tomar uma droga lisérgica chamada KSE. Após a dissolução do grupo e um salto suicida no vazio, Ardo acabou internado numa clínica psiquiátrica, por “abuso na ingestão de alucinógenos e conflito afetivo irresoluto”.

A semelhança com a trajetória de Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee, que formaram Os Mutantes nos anos 60 e 70, não é fortuita. Os Atlantes são um grupo fictício criado por Cláudio César Dias Baptista, irmão mais velho de Arnaldo e Sérgio e cofundador do grupo que deu origem aos Mutantes. Luthier autodidata, construiu vários instrumentos usados pela banda e foi em parte o responsável pela sonoridade única de faixas como Dia 36, Bat Macumba e 2001.

A história dos Atlantes aparece no Livro Sexto de Géa, saga em doze volumes escrita por Baptista, que o público desconhece. Géa é uma obra de números superlativos: são 1 267 personagens apresentados em 3 712 páginas. O autor gosta de chamar a atenção para sua diversidade lexical: ele estima ter usado 30 mil palavras diferentes (“Mais do que em Os Lusíadas”). Muitas são neologismos e termos de idiomas extraterrestres – por isso o autor fez também o Livro Treze, um glossário mais extenso que os outros doze volumes juntos.

O livro conta a jornada espiritual de Clausar, alienígena do planeta Géa e alter egodo autor, como o nome sugere.  Na galáxia ficcional criada por ele, não são poucos os personagens, lugares e situações que têm paralelo com os da Terra. Nem poderia ser diferente: “Existe, sim, uma ligação com a minha vida, porque Géa contém uma mensagem e ela só pode ser passada a partir do que aprendi nesta existência”, disse Baptista.

Os personagens de Géa se deslocam em 78 tipos diferentes de naves. A obra apresenta ainda uma profusão de engenhocas imaginadas pelo autor, como o psicoaudiossintetizador alfa, instrumento musical operado pela mente, e o ionomag, sistema propulsor de naves “que poderá quiçá funcionar, se testado em laboratório e com o devido investimento de capital”. Apesar desses elementos, o autor fica pouco à vontade ao ver sua obra rotulada. “Meus livros são bem mais que ficção científica”, afirmou. “Géa não cabe em estilo algum conhecido.”

 fisionomia de Cláudio César Dias Baptista lembra a de seus irmãos maisconhecidos. Mas ele se indispõe com a forma como a semelhança costuma ser apontada. Sendo o primogênito, raciocina, seria mais adequado dizer que Arnaldo e Sérgio é que se parecem com ele. Baptista gosta de se identificar com as iniciais CCDB, que ele registrou como marca. Mora com a mulher e o filho num sobrado branco de dois andares nos arredores de Rio das Ostras, no litoral norte-fluminense. Mudou-se para lá no fim dos anos 90 e ali concluiu a redação de Géa. Leva uma vida austera, rodeado de poucos livros, filmes em DVD e VHS e aparelhos de som.

O luthier não produz mais instrumentos musicais e equipamentos de áudio. Dedica-se hoje ao trabalho virtualmente sem fim de revisão de sua obra e atualização da versão online do Livro Treze, que lançou no fim de 2011 e já está na sexta revisão. Passa boa parte do tempo em seu Q.G., no 2º andar da casa, um espaço amplo que lhe serve de quarto e ambiente de trabalho, sem paredes internas para delimitar os ambientes.

CCDB tem sua obra no mais alto juízo. “É um trabalho perene e um passo brilhante para a literatura do Brasil, para o nosso povo e para o nosso idioma”, afirmou. “O tempo dirá se exagero.” Não obstante, ele ainda não conseguiu convencer nenhuma editora a publicá-lo. De acordo com suas contas, já sondou cerca de “600 editoras brasileiras e 400 portuguesas”, conforme disse numa entrevista apiauíem sua casa, numa tarde de março. Ele não abre mão de publicar a obra na íntegra, com os doze volumes e o glossário, se possível com as capas e ilustrações também feitas por ele. As tentativas fracassadas não chegam a ser motivo de frustração. “Escritores como Cervantes e Monteiro Lobato tiveram dificuldades imensas para ser publicados”, disse CCDB. “Minhas dificuldades são mínimas.”

Enquanto o autor não as supera, Géa segue disponível apenas numa plataforma de leitura desenvolvida pelo próprio CCDB em seu site. Os interessados não podem ter uma cópia impressa ou eletrônica dos livros: é possível apenas comprar tempo de acesso às obras. Por 15 reais, ganha-se o direito a trinta dias de acesso ao ambiente de leitura, que oferece também outros livros escritos por Baptista, inclusive os doze volumes de Geínha, aventura para o público infantil ambientada no universo ficcional.

Pouquíssimos leitores encararam Géa na íntegra. Baptista sabe quantos são, mas prefere não revelar (o número “mal dá para manter o site no ar”). Como os livros só estão disponíveis no site, as estatísticas de acesso permitem ao autor monitorar o andamento da leitura dos usuários – eventualmente, ele manda e-mails para comentar a fruição de seus escritos.

A plataforma fechada é sintomática do verdadeiro pavor que CCDB tem da perspectiva de ter seus livros e inventos pirateados. Ele nem cogita disponibilizar sua obra na internet para que alcance um público maior e, quem sabe, acabe convencendo algum editor a publicá-la em papel. “O fato de ser lançada de graça significaria que não tem valor”, avaliou. “Seria um desdouro para a obra. Prefiro esperar mais.”

Os usuários dispostos a enfrentar os doze volumes têm ainda um obstáculo adicional: a organização do site é anárquica – um emaranhado de páginas de navegação confusa, desprovido de ordem aparente. CCDB vê isso como uma barreira iniciática para selecionar seus leitores. “O caos força a pessoa desinteressada a fugir do site.”

Ficção para poucos

 

Por que ninguém lê a monumental obra de Cláudio César Dias Baptista

por Bernardo Esteves


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Primeiro Mutante, Cláudio César Dias Baptista trabalha duro como escritor e luta para ver seus livros publicados

Célebre pela fabricação de instrumentos, irmão mais velho de Sérgio e Arnaldo passou por experiência mística que o levou a escrever compulsivamente. Íntegra da entrevista feita para a matéria publicada no site da Revista Bizz em agosto de 2007.

por Marcos Bragatto

Quem se aproxima do palco durante um show d’Os Mutantes pode ver de perto Sérgio Dias tocando uma guitarra aparentemente anacrônica, com botões grandes, corpo pesado e acabamento, digamos, retrô. Trata-se de uma das três guitarras de ouro fabricadas pelo irmão de Sérgio, Cláudio, nos tempos em que o Mutantes não passava de uma aventura. Cláudio César Dias Baptista é o irmão mais velho e fundador do grupo que se converteria no Mutantes, o The Thunders. Não a toa é conhecido mundialmente como “the first Mutante”.

CCDB, como assina suas criações, deixou de lado a fabricação de instrumentos e equipamentos eletrônicos há dez anos, mas por uma boa causa. Por conta de uma experiência mística, na qual diz ter encontrado Deus, partiu para escrever compulsivamente numa casa feita por ele e pela família no interior da pacata cidade litorânea de Rio das Ostras, no norte fluminense. Lá, concluiu sua principal obra, “Géa”, com 12 volumes mais um dicionário explicativo, e “Geínha”, obra infanto-juvenil; refez com o filho o “CCDB Gravação Profissional”, publicação com tudo que se pode pensar sobre gravações; e finaliza agora o “livro chamado que”, ou “) que (“, assim mesmo, com os parênteses invertidos.

Numa atmosfera em que o branco predomina, desde as roupas até a mobília da casa, CCDB trabalha incansavelmente o dia todo, todos os dias, e luta para que suas obras, “para o bem do Brasil”, como costuma dizer, sejam enfim publicadas. Cláudio recebeu a equipe da Editora Abril com uma doçura que manteve durante toda a entrevista e sessão de fotos. Contou toda a experiência mística pela qual passou, citou trechos de seus livros, e ainda deu uns pitacos na volta do Mutantes, ou “pseudo Mutantes”, como prefere chamar o novo grupo que hoje conta apenas com Sérgio Dias da formação clássica. Veja como foi a conversa:

Rock em Geral: Como você decidiu morar aqui?
Cláudio César Dias Baptista: Eu morava em Laranjeiras, onde eu, minha mulher e alguns familiares dela trabalhávamos construindo amplificadores, mesas de som e equipamento de áudio. Nós ocupávamos cinco quitinetes do tamanho de 3 x 6 (metros), até 1997, quando nos mudamos pra cá. Eu tinha escrito os meus arquivos para a revista Nova Eletrônica, quase 700 páginas. Eram artigos de áudio, mas eu coloquei personagens que depois se transformaram nos personagens da minha obra principal, chamada “Géa”. Eu tinha idéia de escrever um livro desde aquele tempo, prolongando a estréia desses personagens, mas não estava decidido a escrever. Nesse tempo todo trabalhando eu vinha fazendo umas práticas místicas, exercícios de busca daquilo que eu já tinha encontrado de certa forma numa vigem que eu fiz com LSD, que era a vivência emocional daquilo que eu havia descoberto com o meu raciocínio, mas não tinha ainda toda essa experiência do caminhar até esse ponto. Essa coisa que eu obtive na viagem lisérgica foi encontrar Deus. No sentido figurado eu poderia dizer que vi Deus, mas quando eu estava trabalhando numa dessas quitinetes, em Laranjeiras, fazendo uma experiência mística, eu encontrei, apareceu-me um ser incorpóreo, de uma maneira inesperada. Normalmente quem pratica misticismo procura alcançar o cósmico por meio de práticas que se repetem e se repetem, na dificuldade em conseguir. No entanto dessa vez foi como se eu estivesse num carro de uma montanha russa que despencasse e me levasse e me segurasse para não cair.
REG: Você planejou uma experiência desse tipo?
CCDB: Não, eu fazia experiências constantes, e dentro de certas normas, pra poder palmilhar aquele caminho ou subir aquela montanha a qual o LSD tinha me levado. Ele me levou ao topo, sem que eu percorresse o caminho intermediário. Eu não tive essas experiências que místicos orientais costumam ter, em qualquer lugar, e percorrendo toda o caminho até chegar e alcançar aquela luz máxima que eu consegui na experiência lisérgica. Eu tinha chegado a essa luz pela filosofia, por pensar muito a minha vida toda, mesmo naquele tempo da juventude, que foi quando eu tomei ácido. Mas o ácido fez com que se concretizasse a experiência mística em si, que não é apenas de razão, de filosofia, ela transcende isso.
REG: E você quis fazer sem usar ácido dessa vez…
CCDB: Eu quis fazer sem usar ácido e consegui, não dessa vez, outras vezes eu consegui essa experiência. Mas a experiência de encontro com Deus é indizível, eu posso contar muitas e muitas vezes, em “Géa” tá contado como se fosse uma das minhas personagens, mas é indizível, ela não basta, por incrível que pareça. Ela é tão óbvia… É como se você ou qualquer pessoa me olhasse e conseguisse sentir que a existência de qualquer coisa é o maior milagre que pode existir. Muito mais fácil seria que nada existisse. Então é mais uma intensa emoção, de intensa vivência, que o palmilhar de uma trilha numa montanha, uma experiência que pode ser descrita como foi essa que eu tive no tal carro de montanha russa, que não foi bem um carro, mas a sensação de estar nesse carro.
REG: Mas como é que você viveu essa experiência?
CCDB: Eu estava sentado diante do meu Sanctum, que é o lugar sagrado, na frente de um espelho, com velas acesas, praticando todas as quintas-feiras como eu costumava praticar e ainda pratico meditação. De repente, ao invés de acontecer aquilo que eu esperava, que tivesse a dificuldade de sempre, aconteceu essa experiência diferente que não foi a do topo da montanha, não foi a de alcançar Deus, coisa que eu já tinha conseguido sem o uso do LSD. Dessa vez era uma das minhas tentativas de percorrer o caminho e uma das minhas perguntas é se havia entidades incorpóreas, independente da matéria - como os espíritas diriam que são os espíritos, né? – e eu não estava nesse dia procurando isso, estava em busca de contato com outras pessoas, com outros místicos que eu já tinha tido experiências assim, pelo mundo todo, e tive esse contato. A experiência começou nesse mergulho, e eu fui parar num terreno muito amplo, com um jardim, à noite, no centro do qual havia uma fogueira. Ao redor da fogueira éramos muitas pessoas que também estavam chegando ali pelo mesmo caminho que eu, ou similar, e todos estávamos de braços dados sentados num grande círculo da fogueira.
REG: Isso tudo você via?
CCDB: Presenciava como estou vendo você, de olhos fechados e num estado de relaxamento profundo, mas não numa auto-hipnose. Eu digo a mim mesmo que eu tenho cem por cento de certeza de que isso aconteceu, mas eu não testemunho a ninguém que isso seja cem por cento de verdade. Eu testemunho que seja verdadeira a experiência com Deus, tanto o ácido quanto fora dela. Alguns místicos dizem que a experiência com as drogas, que incluem o LSD, não é uma experiência verdadeira, mas quem diz isso não viveu a experiência com o LSD. Eu digo que é a mesma coisa porque também consegui, por meio de práticas místicas, de técnicas que existem e que você pode aprender em ordens místicas, existem várias que são autenticas. Eu pertenço a uma delas, mas prefiro não dizer qual é, inclusive porque não quero que meus livros tenham, e ao escrever os livros fiz questão de que não tivesse conotação de fruto de trabalho como ordem mística ou portador da palavra de alguém que não seja eu. Meus livros chegam até - “Géa” principalmente - a negar muito dos ensinamentos, não bem ensinamentos, orientações, mas que essa ordem dá, caso a caso.
REG: “Géa” tem quantos volumes?
CCDB: São 12 volumes de texto e um que é o décimo terceiro que é o dicionário. O dicionário tem o glossário dos termos alienígenas, porque parte da história se passa em outros planetas.
REG: Podemos chamar de um livro de ficção?
CCDB: Não, eu não quero rotular. O livro começa, na página 2, logo atrás da capa, onde é a página primeira do texto, com um pedido. “Leia isto, por favor, ou, por favor, não leia ‘Géa’”. O primeiro item fala em rótulo. “Géa” não pode ser rotulada, ela não é misticismo, não é romance, não é filosofia, não é ficção, não é qualquer gênero que você possa imaginar, e é todos eles porque contém todos eles. É muito grande para rotular, e o maior perigo é o rótulo. Ele já põe a pessoa na suposição de que a obra é isso e acabou, então ela já se sente conhecedora do que tá ali dentro, baseada nas experiências que teve antes, e não é bem assim. A mesma coisa o autor. “Esse autor é o novo não sei quem”, se for na minha obra infantil, digamos que fosse no “novo Monteiro Lobato”, se for na obra mística seria o “novo Paulo Coelho”, e o que eu escrevo não tem nenhuma ligação com um ou com outro.
REG: Essa obra está finalizada?
CCDB: Já faz muito tempo que tá finalizada, terminei em 1994.
REG: Já foi editada?
CCDB: Levei dez anos escrevendo, sete dos quais eu escrevi os textos dos doze livros de texto, cada um com 250 páginas, no tipo de caractere que eu usei. O tamanho é 16 x 23, o tamanho convencional, tamanho dez, times new roman, e o texto é escrito de maneira que o desenho do texto, em algumas partes, condiz com a narrativa, com o conteúdo. E sem ilustrações. Eu tenho a mesma obra já ilustrada, com 62 ilustrações cada volume, todas são minhas. Eu tô finalizando uma agora para a obra infanto-juvenil, organizando o livro infanto-juvenil que também tem 62 ilustrações, que é a “Geínha”. Não é um resumo de “Géa” ou uma “Géa facilitada”, é outra história, em outros lugares.
REG: Por que tem o mesmo nome?
CCDB: Porque tem personagens que se prestam, dos 1300 personagens aproximadamente da obra “Géa”, tem personagens que se prestam à literatura infantil. Tem a Tália, que é uma menina… Vários personagens que são protagonistas, mas tem mais mil e tantas personagens na obra infanto-juvenil. E tem outro livro, já que estamos falando direto dos livros, que é o “livro chamado que”. É q, u, e, sem acento e com inicial minúscula, entre parênteses invertidos (N.E.: “)que(“ ). Isso significa – alguém um dia vai perguntar – aquilo que está fora de todo o universo. O universo seria o que está dentro dos parênteses, para o lado de fora. E o que tá dentro, que seria na realidade fora dos parênteses, o além do Universo. Isso simboliza a pessoalidade de Deus, que é justamente aquilo que eu discuto que essa ordem nega, e o que eu discuto na obra dizendo que existe. Assim como nossa consciência, sendo nós mesmos, se destaca de nós e nos vê de fora, o Universo, ele existindo consciência, existindo vida. Essa consciência também se destaca e isso se torna pessoal quando enfoca o Universo. Então, separando-se do Universo assim como o “que”, a consciência seria a pessoalidade de Deus vendo o Universo, que seria seu corpo. A palavra “que” quer dizer tudo isso.
REG: Esse também está concluído?
CCDB: Isso já tá tudo escrito. Eu fiz primeiro “Géa”, que eu fui levado a ter a vontade final de escrever, tomar a iniciativa de escrever por causa dessa experiência que eu interrompi na narrativa. “Géa” tem 12 volumes, com 250 páginas cada volume, na versão só com texto. Tem o dicionário que conta os termos alienígenas e os bons neologismos, nenhum é vicioso. Por exemplo, ao invés de “varridamente” louco eu digo “enceradeiramente” louco. O dicionário tem os termos alienígenas que dá para o leitor entender lendo o livro sem a explicação, mas ele explica para quem não conseguir entender. E depois tem uma parte maior que é o “rarefeito dicionário de palavras raras”, que mostra as palavras da nossa língua, explica essas palavras da maneira que foram usadas no texto, com que acepção e de que maneira eu as empreguei. Esse dicionário tem mais caracteres do que os doze volumes de texto juntos, tem 1000 páginas e os caracteres são pequenos, a margem é menor, é um volume pesado que poderia ser lançado como um CD, junto com o livro, porque quem comprasse o livro, primeiro deveria comprar o dicionário.
REG: Por que esses livros não foram publicados ainda?
CCDB: Por causa do tamanho da obra, e porque eu não tenho agente literário e nem me pus atrás dos editores da maneira convencional, que é mandar impresso para os editores um excerto do livro. Eu me confesso incapaz de fazer um excerto. O site inteiro eu criei pra isso, pra mostrar aos editores o que os livros são. Eu faço sozinho e a partir de uma certa época com o meu filho Rafael, que é co-autor de um dos meus livros, o livro técnico sobre gravação profissional. Ele tem 24 anos, mora comigo e me ajuda nas botoeiras do site, estudou informática, deu aulas, ele entende mais que eu do assunto. Então os livros são “Géa”, com 12 volumes de texto e um dicionário que poderia ser um CD, assim como o “Aurélio” eletrônico. Nesse caso os livros seriam na forma também de livro eletrônico. Mas eles poderiam estar contidos num CD ou DVD junto com o dicionário, ou então a pessoa que lê o livro, mesmo impresso, teria também o dicionário, se quisesse, ou o dicionário poderia ser impresso convencionalmente, para quem quiser comprar. É possível ler os livros sem o dicionário. Mas por que o dicionário de palavras raras tão extenso? Porque “Géa” – não os meus outros livros – só a obra “Géa” tem 30 mil vocábulos aproximadamente. Esse léxicon é o dobro do que o William Shakespeare tem em toda a sua obra, é seis vezes o que Camões colocou em “Os Lusíadas”, é um quarto de todos os vocábulos da língua portuguesa, como estariam na primeira versão do “Aurélio” eletrônico.
REG: Deve ser difícil de entender…
CCDB: Pode ser difícil, e a escrita foi programada em dificuldade crescente até o final. Mas não absolutamente de um jeito preciosista, e sim, e esta é a palavra que deve ficar marcante, usando palavras melhores. Você pode escrever um texto com palavras melhores e a demonstração disso está numa das páginas do site chamada justamente “Géa é difícil?”. Nessa página tem um exemplo e um texto de uma instância de uma poesia da “Eneida”, de Virgílio, e um texto, um parágrafo meu, com a tradução para palavras mais simples. Lendo de um e outro jeito o leigo percebe a vantagem de escrever com as palavras que eu escrevi. E também porque eu gosto de trabalhar nos livros como eu trabalhei nas minhas guitarras. Então, abordando os instrumentos aqui, eu gosto de fazer um trabalho factível, onde cada parte contém o todo, o detalhe seja o mais perfeito possível. Um instrumento meu musical novo, uma guitarra, se você olhar com uma lente, não acha um defeito na pintura, na emenda, nos traços, na emenda da escala com o cabo, nenhum. É um trabalho muito bem feito, e foi com esse cuidado que eu escrevi “Géa”. Eu escrevia para a Nova Eletrônica umas 40 páginas por dia. Ainda posso escrever assim, mas depois dos sete anos da escrita dos livros de texto eu passei três anos fazendo o dicionário e aprimorando o texto de “Géa”, criando essa escala crescente de dificuldade programada para ele ser didático também, vir a ser útil nas faculdades e nas escolas.
REG: Isso não cria uma dificuldade para o leitor, na medida em que o texto vai ficando cada vez mais difícil?
CCDB: Cria, sim, para muitos leitores cria, eu não escrevi “Géa” para a massa, escrevi para mim, eu acho que é o jeito mais honesto de se escrever um livro. Escrevi “Géa” do jeito que eu gostaria de ler. Eu li “Eneida”, li “Odisséia”, “Ilíada”, esses livros que na primeira vez foram muito difíceis de ler, justamente quando eu terminei de escrever os sete volumes que ainda não estavam escritos num português tão bom, mas já era um bom português. Quando eu escrevi o dicionário é que eu resolvi ler os clássicos. A Lourdes, mulher do meu irmão Sérgio, que é professora, se formou em literatura, me ofereceu um livro, sabendo que eu ia escrever “Géa”, que é uma receita de bolo. Este é o que todos os escritores vêm lendo antes de escrever, era escrito por alguém da FGV, onde eu estudei administração. Eu abri a primeira página do livro e vi uma frase que dizia que esse livro ensinava o leitor a pensar. Eu fechei o livro e disse: “se ele escreve uma bobagem dessa, não é um bom escritor e não vai me ensinar a escrever, é isso que eu não preciso”. Devolvi educadamente o livro para ela e resolvi escrever um livro bem feito. “Géa” é um livro só, não são livros para serem vendidos separadamente porque a obra e muito grande, tem que ser lançada de uma vez só nem que seja seriada. Eu quero lançar a obra inteira porque é um livro só.
REG: Como fazer pra lançar isso tudo de uma vez só? Não tem sido difícil convencer os editores?
CCDB: É difícil, eu criei o site pra isso. Assim como “Dom Quixote”, é uma obra grande e volumosa, a “Divina Comédia” também. Um amigo meu me disse: “Géa” vai ser tão difícil de publicar quanto “Dom Quixote”. E eu respondi a ele: E se “Dom Quixote” fosse escrito hoje, você pode imaginar que ele não viesse a ser publicado? Então eu tenho a mais absoluta certeza que “Géa” vai, sim, ser publicada, apesar das dificuldades. Então eu tô oferecendo facilidades como a publicação em fascículos, em páginas de jornal. Muitas grandes obras foram publicadas primeiro em páginas de jornal, uma a uma, capítulo a capítulo, até a publicação ficar pronta. E depois, como houve sucesso, se transformaram em livros, e existem muitas outras mídias que estão identificadas no site para que ela seja publicada. Eu aperfeiçoei esses sete volumes, e os dois primeiros capítulos de “Géa” eram a tradução, onde dois capítulos que eu escrevi para abrir um livro que o meu pai deixou. Esse livro falava sobre a vida de um político com quem ele trabalhou. Não foi publicado, está com o filho desse político, que me pediu – a história é muito longa e nós iríamos fazer uma volta muito grande -, que eu escrevesse o livro do meu pai como estava escrito até o fim, mas foi parar nas mãos desse filho do político quando meu pai morreu. Depois voltou aos pedaços pra mim. Eu recompus o livro, não assinei como co-autor, fiz uma abertura e um fecho porque tinham sumido e nessa abertura, já que o livro não saiu, e eu imagino que por motivos pessoais o filho do político não queria que saísse. Era o Ademar de Barros, governador de São Paulo três vezes, a primeira interventor nomeado por Getúlio. Meu pai era o secretário particular dele, foi dedicadíssimo a ele e poderia estar muito rico, porque teve muito poder nas mãos, e o que a gente tem é fruto do nosso próprio trabalho, quase nada nos deixou a não ser a honestidade que ele tinha e muitas coisas boas, mas não capital. Eu tinha escrito esses dois capítulos, e como a história era muito boa, e era uma - aí, sim, ficção científica -, eu disse: não vou escrever uma palavra exatamente igual, porque senão seria plágio. Mas nesse caso vou exclusivamente fazer a coisa que eu mais odeio, que é plagiar, mas eu vou me autoplagiar. Eu reescrevi esses dois capítulos e coloquei no começo de “Géa” como se fosse dois capítulos escritos, recuperados pelo filho Clausar de Rasec. Rasec é o nome do meu pai ao contrário, e Clausar é um anagrama do meu nome. Esse Clausar é um dos protagonistas do livro, e Rasec é outro. Ele escreve esses livros e ao reescrever o português, eu me tomei de um entusiasmo muito grande pela língua portuguesa, porque eu acho que é muito mais difícil reescrever um texto em português, traduzir o português para um português fácil de entender, com boas palavras, palavras melhores, do que traduzir em outra língua qualquer. Aí começou o interesse e eu comecei a escrever nesse nível. Quando fiz o dicionário, até lá eu tinha resolvido não ler os clássicos, porque eu não queria plagiar nem sem querer as obras alheias. E eu nunca fui um grande leitor, não sou um literato de jeito algum. Eu resolvi ler os clássicos depois. Quando eu estava fazendo o dicionário, quando terminei de escrever o livro, achei que era a hora de ler os clássicos e li tudo, vários deles estão expostos na página “Se não acredita?”. Tenho a lista dos clássicos em várias classificações, para que sejam comparados com o meu livro, em ficção, romance, nas diversas formas da literatura.
REG: Isso é que te dá a certeza de que seu trabalho vai ser publicado…
CCDB: Dois dos capítulos do meu livro se passam num planeta chamado Umalfa, onde há heróis – imagine Arnold Schwarzenegger ou Rocky, como um habitante normal desse mundo, só que mais forte que eles fisicamente, e eles voam com quadrigas que são puxadas por turbinas e se digladiam com chicotes procurando arrancar as penas um do outro, que eles levam na cabeça. O capítulo se chama “Longas Plumas Azuis” – eles arrancam as penas e quem arrancar fica proprietário do outro. E tem mais um monte de história interessante nessa corrida. E nesse mundo as pessoas se parecem muito com os heróis da Grécia antiga, narrados nos livros de Homero. Eu peguei, sem plágio nenhum, lendo a “Ilíada” e “Odisséia”, e também “Eneida”, de Virgílio, fiz uma lista de todas as palavras interessantes, algumas das quais nem dicionarizadas estão. Eu dicionarizei como aristologismos. Essas palavras todas, sem exceção – e são muitas – eu coloquei no texto desses dois capítulos: “Longas Plumas Azuis” e “As Cavaleiras da Távola Reta”. Por que essas palavras? Porque para quem lê esses dois capítulos que já são adiantados no texto, a dificuldade não é tão grande, a pessoa vai aprendendo ao longo do texto, vai se ambientar com o mesmo espaço onde vivem os heróis gregos, e com os livros escritos por Homero e Virgílio. E assim eu faço com a obra de Monteiro Lobato, quando o personagem Arqueu, que é um homem agérato, que não envelhece e não morre se não for morto ou sofrer acidente, tem 40 mil anos de idade e mantinha-se vivo tentando fazer viver novamente a sua mulher. Esse homem conversa com uma terráquea, que é professora de literatura, e brinca com o idioma usando as palavras de Monteiro Lobato, o clássico, que é completamente diferente daquele da série infanto-juvenil. Não é preciosismo, mas é de um português muito nobre. E assim vai. Escrevendo o dicionário eu aperfeiçoei “Géa”, que alcançou um nível muito alto e mereceria um lançamento todo especial, como uma obra nobre, perene, que vai perdurar, justamente por causa do estilo e do vernáculo, e não por causa da filosofia, ciência, ficção, história, dentro da narrativa que está ali, porque isso pode se obsoletar. Mas o estilo não vai e é por isso que tantas obras, como essas que eu citei duram até hoje e ainda há quem as leia apesar de não ler tanto quanto outras que explodem nas bancas, como “Shogun”, por exemplo. Mas “Géa” vai levar vantagem, ali não tem nenhuma palavra que não precisa ser escrita, como nas músicas de Mozart - desculpe o auto-elogio, só eu posso fazer porque quase ninguém leu.
REG: Quem já leu?
CCDB: Eu, minha família e alguns amigos, a quem eu ofereci cópias. E as opiniões deles estão na página do meu site, chamada “Opiniões Sobre Géa”, e agora também sobre “Geínha”. O site é www.ccdb.gea.nom.br. Voltando àquelas pessoas abraçadas ao redor do círculo naquela noite, ao redor da fogueira, ali, ao lado esquerdo havia uma floresta, as estrelas estavam esmaiadas pela luz semi-ofuscante da fogueira e à direita um templo egípcio na sombra. Ali, essa turma do círculo, e eu junto, subimos com esse círculo ao espaço, aos céus, e lá tivemos aventuras muito bonitas de se descrever, mas eu não vou fazer isso agora. Findas essas aventuras - e nós passamos por muitos lugares, até teatros de reuniões de místicos -, estávamos de volta ao redor da fogueira e a minha sensação era, talvez a de todos ali, de que a experiência tinha terminado, e que já tinha sido uma experiência mais que satisfatória. Súbito, à direita da fogueira, e não no centro, onde seria esperado, uma manifestação: aparece uma luz dourada, incorpórea, que se manteve assim dali em diante, e na fogueira apareceu uma voz “pax.profundis”. Não é paz profunda, que é o cumprimento de uma ordem mística, é “pax” e “profundis”, é o nome de alguém, da entidade que estava aparecendo. Essa voz disse: este não tem corpo. Na hora eu não entendi bem o que isso significava, mas poderia dizer só o seguinte: não tem corpo porque nunca teve ou nasceu, quer dizer, morre e continua vivo. Essa é uma das minhas grandes perguntas a qual eu obtive a resposta. Essa entidade andou mais ainda para a minha direita, e tocou uma das pessoas do círculo e eu senti o choque como se fosse elétrico. Eu não sou espírita, já estive em sessões espíritas com o meu pai, que as freqüentava por causa desse político, que era espírita ou acreditava em espíritas, e era assediado por espíritas. Essa entidade tocou esse primeiro companheiro de experiência e eu senti esse choque. Nós todos, o tempo todo - eu esqueci de contar - estávamos com nossos corpos translúcidos como cristais, e dentro havia uma luz branca e no centro dela, uma luz dourada, e o tamanho variava um pouco, então tinha algo de lisérgico nessa experiência. Depois desse toque essa entidade veio ser de pessoa em pessoa, até chegar próximo a mim, quando chegou mais próximo de mim eu já estava antecipando o que seria quando a encontrasse, mas assim mesmo foi mesmo indescritível. Quando estava diante de mim me interpenetrou com aquilo que eu só posso chamar de uma imensa bondade, uma vontade de ajudar enorme. De jeito nenhum uma ordem, uma convocação ou uma sugestão. Eu senti que havia algo a fazer, apenas a apresentação de uma grande lacuna a ser preenchida e nisso é que veio a vontade final e forte e definitiva de escrever. Essa entidade saiu e passou ao membro seguinte do círculo, e aí sim essa experiência terminou. Eu pensei que havia levado muito tempo, mas passaram-se uns 5 minutos. Daí pra frente comecei a trabalhar com “Géa”, contei para mim mulher e meu filho o que tinha acontecido. Uma semana depois um amigo meu apareceu, chamado Marconi Ricciardi, ele hoje mora na Austrália, desistiu do Brasil, é uma cara ótimo, incrível, músico brasileiro, ele tá citado até tem uma foto dele no site. Tem um artigo dele sobre mim, chama-se “The First Mutante”. Ele se espantou quando me viu e perguntou o que aconteceu. Eu tava transfigurado com a experiência. Eu tive outras, mas essa foi a mais importante, que gerou a decisão final de começar a escrever, que era uma decisão difícil de tomar porque eu não ia escrever porcaria, eu nunca me dediquei a mais de uma coisa ao mesmo tempo, tinha que parar o que fazia.
REG: Você fabricava os equipamentos nessa época?
CCDB: Eu estava no apogeu da produção de equipamentos, eu e minha família. Conversando com eles, resolvemos parar, sabendo o que nós iríamos enfrentar. Nós interrompemos, antes de eu ter esse problema na mão, essa contratura, nos pés a mesma coisa, isso me impede de trabalhar com eletrônica. Hoje não poderia trabalhar, isso é causado por pré-diabetes, muito trabalho. Os médicos não sabem, mas tem ligação com diabetes. Isso me impediria de trabalhar em eletrônica, e também umas hemorragias pequenas que eu tive nos olhos que me atrapalham muito no trabalho minucioso de componentes eletrônicos. Mas isso só aconteceu depois de vir pra cá. Eu pararia, mas felizmente parei a tempo. Só que ganhávamos muito bem, talvez tanto quanto o tempo da revisa Nova Eletrônica.
REG: Quem comprava seus equipamentos?
CCDB: Eu fornecia a quem me procurava, eu não anunciava, eram clientes avulsos. Vendemos todo o estoque, nós tínhamos comprado cinco quitinetes desse mesmo tamanho, que estavam cheias de equipamento de fabricação. Eu, minha mulher e algumas pessoas da família dela montávamos esse equipamento, tudo feito legalmente. Não éramos ainda uma empresa, mas cada um foi indenizado, todos pararam, nós vendemos o resto do estoque (que era grande) e com esse estoque minha mulher, em 80 viagens, construiu num mutirão com a família dela esta casa aqui. Gastamos aqui bem mais do que ela vale. Viemos pra cá e estamos aqui há dez anos. As cinco quitinetes nós alugamos a R$ 300 cada uma, dá pouco por mês, e nem sempre estão todas alugadas. Há pouco tempo tivemos que vender uma pra continuar na luta, porque não dava para resistir com isso que recebíamos. Com isso compramos mais um computador e um carrinho pra fazer as compras de Rio das Ostras pra cá. Nós nos atiramos de cabeça mesmo nessa missão.
REG: Qual o papel dela e do seu filho?
CCDB: Ter se atirado na missão, porque ela poderia ter discordado e até me mostrar que não era por aí, e eu teria atendido. Meu filho se distanciou do centro onde poderia estudar melhor, teria mais oportunidade de trabalho, e veio pra cá comigo também. Ele não conseguiu cursar faculdade porque o estudo aqui é muito precário, é feito à noite, ele ia de ônibus a Macaé ou Rio das Ostras para estudar, e não conseguiu ainda passar nos vestibulares. Enquanto isso ele acabou lecionando informática numa escola, e agora trabalha na criação de uma loja eletrônica para o caso de nenhuma editora publicar meus livros. Talvez a gente mesmo venha a publicar, naquela categoria dos livros virtuais. Ele também é co-autor de um livro meu, que é “CCDB Gravação Profissional”, era uma série de artigos que eu escrevi pra Nova Eletrônica e ia ser publicado, tem matéria pra publicar durante quatro anos. Esse tem 1135 páginas, como matéria técnica de gravação profissional, cursos de áudio, kits de montagem de equipamentos de áudio, todo tipo de informação sobre áudio. Em parte ali que começaram os personagens de “Géa”. Às vezes, pra quebrar aquele ritmo maçante de artigo técnico, eu introduzi as personagens para melhorar a leitura.
REG: E agora, você se ocupa com o que?
CCDB: Tô fazendo as ilustrações, já tenho o próximo livro pronto para escrever, comecei anotando idéias. Terminei de escrever “Géa” aqui, a maior parte dela foi escrita aqui, e à tarde eu trabalhava nos terrenos, esses terrenos eram um mato pior do que aqueles que o circundam. Eu carreguei, eu mesmo, à mão, cortando com enxada, picareta, pás e carrinho, 1000 metros cúbicos de terra, dá 1500 toneladas de terra durante seis anos. Aterrei os terrenos todos e minha mulher plantou esses terrenos todos, ela me ajuda. É uma vida também gostosa, nós não trocamos aquela nossa vida boa por um inferno, temos mais liberdade, apesar de certos problemas típicos, como gente invadindo terrenos com vaca, etc. Eu escrevi “Géa” e o “livro chamado que”, que foi feito de um jacto, sem nenhuma preocupação com a escrita, com o vernáculo, mas aí eu já sabia escrever. Ele não teve correção, saiu pronto, como as músicas de Mozart. Ele sim seria um best seller, porque não é preciso ler “Géa” para ler o “livro chamado que”, ele alterna capítulos que são a narrativa de fatos reais que aconteceram aqui comigo, como se fossem acontecidos com essa personagem, com os nomes das pessoas da vida real trocados. Problema com vizinho, cachorro e gato, a origem dessa imobiliária querendo vender e comprar e te expulsar, a coisa é séria. Esses capítulos se alternam com experiências do Clestes do espelho do banheiro, um espelho místico, onde ele se projeta em outros mundos e descobre muitas coisas, inclusive que ele é “que”, mas o que é “que“ é preciso ler o livro pra saber. Ele se liga a “Géa” porque tem histórias complementares de “Géa”, porque conta o começo de certas coisas que apareceram em “Géa” a partir de certo ponto, e conta o que aconteceu depois também, mas ele pode ser lido sozinho, sem ler “Géa”. É a sugestão para a editora menor, ou que não queira investir tanto, mesmo sendo uma grande editora, lançar primeiro esse livro como teste do autor. Depois veio “Geínha”, que tá pronta, sendo ilustrada, é o que eu tô fazendo agora, direto, e veio a reescrita de “CCDB Gravação Profissional”. Durante um ano nós trabalhamos reescrevendo o livro, ele re-digitou tudo porque eu não tinha mais os arquivos de computador, e nós atualizamos tudo. Fizemos um livro que é sobre áudio analógico, sobre áudio em geral, não só sobre gravação, e dá todas as dicas. A abertura para quem queira começar com gravação digital, não só em estúdios, mas sonorizações externas, gravação de maneira ampla e abrange o resto do áudio. Tudo isso de experiências trabalhando com áudio, com os instrumentos, nos estúdios de gravação com os meus irmãos e em festivais, e tocando também, porque eu tocava. Eu sou o irmão mais velho, quem começou tocando fui eu, tenho experiência muito gostosa de ter tocado o instrumento, criado o instrumento, projetado e criado o equipamento, instalado e operado o equipamento no show do conjunto que ajudei a formar, e tocando e fazendo sucesso, é muito gostoso isso.
REG: Como você vê essa volta d’Os Mutantes?
CCDB: Eu não chamo de Mutantes, eu chamo esses que voltaram de “Pseudo Mutantes”. Não há Mutantes sem Rita Lee e Cláudio César Dias Baptista. Quando o Sérgio me convidou para fazer a excursão no exterior, assim como convidou a Rita, eu me neguei. Quando ele se reuniu ao Arnaldo e me convidou para excursionar com o conjunto, eu fiz certas exigências. Exigi aquilo que eu vinha pedindo há muito tempo, sugerindo, e não por minha causa, mas para ajudar o conjunto, como sempre fiz. A minha postura é que instrumento musical tem o mesmo valor que a música. Se não houvesse a evolução tecnológica dos instrumentos musicais, hoje nos estaríamos como aqueles antropóides dos livros, tocando com tacape num montículo de terra. Não existiria o Paganini sem o Stradivarius. É uma pergunta interessante: quem é mais importante, o Les Paul ou a Gibson Les Paul? Ficaria muito estranho Os Mutantes no palco dos festivais e na capa dos CDs naquela imagem do Sérgio vestido de toureiro segurando uma guitarra simples, e não aquela de ouro que ele usa até hoje, a guitarra de ouro número 2 que eu fiz para ele. Eu fiz três guitarras de ouro pra ele. O ouro era garantido “life time”, naquela época, pela empresa que fazia o banho de ouro. É ouro sobre peças de bronze, e por dentro toda folheada a ouro, o que me permitia fazer no tempo dos circuitos de mais alta impedância, me permitia não usar fio blindado num circuito complexíssimo da guitarra, e deu um som agudo muito mais nítido, uma resposta extrema de alta freqüência. O ouro servia de blindagem e é uma blindagem perene porque não corrói e também protege a madeira contra intempéries, micróbios, fungos, etc, sem perturbar as vibrações. Isso é uma explicação muito por alto da guitarra de ouro que ele usa até hoje.
REG: E as exigências…
CCDB: Foram as seguintes. A primeira é que fizesse aquilo que eu sugeri numa carta profética que eu tenho a seu dispor. Eu chamo de carta profética porque eu escrevi em 2004 pra ele, e nessa carta eu dizia que se Os Mutantes voltassem a se reunir… “Géa” fala da volta do grupo Os Atlantes, que são Os Mutantes daquela história, e conta como eles voltaram. “Géa” foi terminada em 2004 – eu escrevi essa carta e antevia que a banda voltaria. Eu exigi que o Sérgio compusesse, já que ele não quis ler “Géa”, pelo menos uma canção baseada em “Géa”, ou se não quisesse compor, que ele tocasse e dissesse nos espetáculos que aquela canção é relacionada ou criada a partir da obra “Géa”. Essa canção já existe, tá no site, foi feita por Bruno Tavares, que é uma das pessoas que adquiriu uma mesa CCDB 44, igual aquela que o Sérgio tem no estúdio dele e usa até hoje. Ele compôs uma música com a letra de minha autoria, e eu não esperava criar uma letra quando compus uma poesia, que era a poesia de Ars, que na obra “Géa” é o maior poeta do universo. Ars morava num planeta onde o povo vivia na idade dos gregos, só que não valorizava a arte como ele, Ars, valorizava. Quando ele cantou seus versos, escrito em folhas de papiros, ao povo, o povo não compreendeu, e ele, muito triste, de cima de um rochedo, dobrou essas folhas de papel e lançou no mar como se fossem pequenos aviões de papel. Ao lançar a última ele se atirou, morreu nas pedras e foi levado pelas ondas. E o povo então o aclamou, mas não como o maior poeta do universo, como ele veio ser assim reconhecido por seres superiores de outros planetas, mas sim como o inventor do avião. Uma das poesias de Ars aparece colhida por um povo de outro planeta, e essa poesia eu compus com esse amigo meu, que leu “Géa”, gostou da poesia e criou a composição, que se chama “Uma Canção Para Ars”, a letra é minha. De repente, sem pretender, eu virei compositor de letra de canção. Eu pedi ao Sérgio que pusesse uma canção, porque eu não acredito em revival de grupo nenhum que apenas apresente música velha. É óbvio que eu não tô dizendo a grande besteira que seria a seguinte: só toquem músicas novas. Devem tocar as velhas, pedi a ele que tocassem, sim, as velhas, mas que tocassem algo de novo, senão o surgimento dos novos Mutantes ou dos pseudo Mutantes seria comentário, sem música nova a coisa não vai, e parece que ele entendeu, e tá fazendo música nova, só que não com as composições minhas. Eu não via isso como uma tábua de salvação para os meus livros, uma grande ajuda, eu sempre pensei e continuo pensando que é o contrário, eu acho que a minha vida atual, como escritor, é mais importante que a minha vida como luthier, técnico e tudo o mais. Se o meu nome tá gravado e vai perdurar como aquele Mutante oculto e tudo o mais, a minha obra escrita vai durar muito mais do que isso, porque tem uma importância muito maior.
REG: Tinha outras exigências?
CCDB: Uma era essa, no intuito de beneficiar, e não de me aproveitar de coisa nenhuma. A outra foi, como eu suspeitava, e que realmente aconteceu, que ele ia levar a mulher e a filha na excursão. Eu disse que eu queria levar minha mulher e meu filho, senão não iria. Outra era que eu fosse tratado sempre no mesmo status dos outros Mutantes, independente de eu estar tocando ou não no palco, embora eu já tivesse tocado com Os Mutantes e o resto d’Os Mutantes, e até ter sido acompanhado por eles em alguns espetáculos. Ele não aceitou nenhuma das exigências. Tudo bem, continua ele lá e eu aqui, eu escrevendo e ele com as músicas.
REG: Você chegou a ver um show dessa nova fase?
CCDB: Não, eu não fui aos shows, eu vi na televisão. Eu me lembro muito bem o que eram Os Mutantes antigos nos espetáculos onde eu sonorizei, ensaiei junto, participei das gravações… Embora a substituta da Rita (Zélia Duncan, que já saiu) seja uma grande cantora, talvez maior que ela como cantora, ela não é a Rita, nunca ninguém vai ser a Rita, a não ser se a Rita passar pela transição, poderia haver uma substituição que justificasse que Mutantes atuais ou pseudo Mutantes se chamasse Mutantes. E a minha presença não tem que ser no palco, tem que ser “estar com”, participando da criação como eu participava antigamente, não só da criação dos instrumentos mas também de muitas músicas. Isso não foi aceito e ficou assim, e a minha opinião sobre aquilo que eu ouvi, é que não chega a ser o que era. O Arnaldo não é mais aquele Arnaldo antigo que eu sempre pedia aos jornalistas e repórteres que vinham me procurar, para descobrir onde estava o Arnaldo, isso há algum tempo, quando ele não estava tão falado assim. Pedia que por favor não reconstituíssem o Arnaldo antigo, que isso o fazia sofrer, e sim procurassem o que ele estivesse fazendo de novo. Eu não sabia muito bem o que ele estava fazendo porque nas minhas tentativas de reaproximação - eu fiz várias -, ele passou a ter uma idéia fixa depois que se atirou daquela janela de hospital quanto a mim, achando que eu me tornara uma pessoa maligna por passar a fazer equipamento transistorizado e não mais valvulado. Não fui eu que escolhi; foi o mercado. Eu comecei fazendo amplificadores valvulados, passei uma semana em cima de um esquema de um amplificador simples, para conseguir entender o que era uma válvula inversora de fase. Hoje todo esse sistema de som eu enxergo inteiro, assim como enxergava uma guitarra antes de projetá-la no papel, com todo o circuito, todas as medidas prontas porque tava muito envolvido com aquilo, não por genialidade nenhuma, é um trabalho profundamente dedicado que leva a essa visão. Essas foram as exigências que não foram atendidas.
REG: E essa oficina?
CCDB: Não tem mais oficina, aquela mesa é a mesa onde eu montava as mesas de som e hoje ela faz parte, como fazia antes, do sistema de som com painel acústico, se você abrir as gavetas ainda vai ver as ferramentas do tempo em que eu usava, algum aparelho eletrônico… Esse equipamento eu fiz em 1972 e como tá escrito ali no painel do equalizador gráfico, mas vale para o equipamento todo, nunca deu defeito desde aquela época, e hoje funciona com o mp3 do computador.
REG: E a história da maldição da guitarra?
CCDB: Foi a primeira guitarra de ouro. A história dos meus instrumentos é a seguinte. Eu fazia aeromodelismo com o Rafael Vilardi, foi quem comigo começou o conjunto que mais tarde se tornou os mutantes, o The Thunders. Isso começou quando nós, na garagem dele, assistimos a dois amigos tocando guitarra, foi a primeira vez que eu ouvi guitarra, assim, de perto, com um amplificadorzinho muito ruim. A gente gostou muito, e como eu fazia aeromodelos, fazia telescópios ópticos no porão do planetário do Ibirapuera, ali havia cursos dados pela Associação de Amadores de Astronomia de São Paulo, que era quem operava o planetário, eu tinha desenvolvido uma boa habilidade manual. Eu não gostei das guitarras daquele tempo, então resolvi fazer eu mesmo as guitarras. Um amigo meu que trabalha num canal de televisão, o canal 5 naquele tempo, fotografava, fazia slide de todas as páginas do catálogo da Fender e eu projetava na parede, no escuro, no porão da casa dos meus pais. Com um erro de não mais que 3 mm de cima a baixo eu fiz guitarras idênticas. Depois de aprender a fazer guitarras sólidas, copiando essas guitarras, que eu distribuí aos amigos por preço de banana, eu passei a fazer meus próprios modelos, cheguei a fazer mais 150 guitarras sólidas e umas 30 guitarras acústicas, essas de ouro. A guitarra de ouro eu concebi inteira na minha cabeça, o circuito inclusive já era dotado de circuito memória. A primeira chave em cima era liga/desliga mecanicamente, não com circuito eletrônico, partes diferentes do circuito. São varias operações, com uma chave só na guitarra de ouro ele faz tudo isso e pode fazer muito mais porque essa chave abre-se para dois circuitos separados e cada circuito tem sua programação, então você pode deixar ligado num deles aquilo que faz o som de base e no outro aquilo que faz o som de solo, e de um para o outro você vai com uma chave só. E assim cada chave com seus subcircuitos vão fazendo a mesma coisa, com uma hierarquia, a guitarra de ouro é assim. Essa segunda guitarra de outro tem o captador hexafônico, além do distorcedor convencional, ela tem mais seis, um para cada corda. E mais um montão de outros recursos. O Rafael Vilardi me pagou o material quando ele me disse: eu quero a melhor guitarra do mundo. Eu disse: eu posso fazer, mas não tenho dinheiro, você financia? Eu fiz duas guitarras e tenho foto delas sendo feitas, tudo que eu experimentava num exemplar e dava certo, e foi dando tudo certo, eu reproduzia no outro. Uma ia ficando pronta mais à frente que a outra. Essa que ficou pronta, onde eu fiz uns testes, só teve um defeitinho de colagem, e é a guitarra de ouro número 1 do Sergio, essa guitarra ficou pronta e também a do Rafael, sem defeito nenhum. A do Rafael é preta, e essa que eu dei ao Sérgio é branca, cor de marfim, básica.
REG: E a maldição da guitarra?
CCDB: Eu já me interessava por misticismo naquele tempo e lia alguma coisa de livros místicos que encontrava na biblioteca do meu pai, do Ademar de Barros. Um dos livros que eu tinha em casa era de magia telúrica – isso não significa que eu concorde com o que está escrito no livro. Eu, por brincadeira mesmo, tinha a consciência que serviria de publicidade, e colei ali uma maldição pronta e acabada que não é de minha autoria, uma invocação a espíritos, e transcrevi para uma parte da placa de ouro que fecha a guitarra, por de trás. Não é uma placa muito grande, é sobre um buraco por onde apenas passa a minha mão pra montar os circuitos lá dentro. E na outra face da placa eu coloquei a maldição. Ela foi transcrita numa reportagem do jornal A Folha de São Paulo, página inteira e mais alguma coisa sobre as minhas guitarras. O texto dizia que a guitarra retornaria a seu legítimo possuidor, caso fosse furtada, designado por aquele que a construiu. A guitarra foi furtada, e tal como previa essa parte da maldição, nesse sentido foi uma profecia, porque tinha a maldição para quem copiasse a guitarra. Porque muita gente naquele tempo vivia especulando sobre o que eu fazia, e eu patenteando tudo. Essa reportagem que saiu na Folha São Paulo porque eu estava a fim de produzir em quantidade com um amigo, ele era um grande artesão em mecânica, fazia moldes para injeção de plástico e atendia a grandes empresas, todos as peças plásticas de carros que estavam sendo lançados pela Volkswagen eram feitas nas indústrias dele. Ele se apaixonou pelas guitarras e resolveu fabricar comigo em quantidade pra vender no mundo todo. Estávamos fazendo estudos muito bonitos dentro da fábrica dele para fazer a guitarra em madeira tradicional, e outra em plástico nobre. Muito antes de fazerem violão ovation com fibra de vidro, a gente ia fazer uma guitarra inteira de plástico. Nós fizemos pedais e vendemos no Brasil todo, formalmente, com nota fiscal e tudo, tudo injetado em plástico e o molde feito por ele. Essa reportagem foi promovida pela Cassex, o órgão que regulava importação e exportação. A Cassex contatou um representante europeu na Alemanha, que queria 1900 exemplares para colocar em todas as lojas do império dele. A gente se preparado para grandes investimentos, quando esse amigo sofreu um acidente terrível. Ele tava ensinando um funcionário novo a trabalhar na máquina de plástico, enfiou a mão na abertura de um molde de injeção e alguém acionou a máquina e ela esmagou os quatro dedos da mão, não teve reconstituição possível e ele foi obrigado a parar. Mas foi um sujeito exemplar, comprou tudo que eu tinha levado pra fábrica dele, pagou tudo. Eu parei com os instrumentos musicais nessa época e continuei com os eletrônicos, que era muito mais fácil de fazer.
REG: Voltando à guitarra roubada…
CCDB: A guitarra foi furtada, e a pessoa que furtou vendeu para uma guitarrista que não sabia de quem era, comprou por comprar. Quando ele viu a maldição e ouviu dizer da história, correu e devolveu em perfeito estado ao Sérgio, fechando o ciclo previsto na placa de ouro.


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