sábado, 26 de janeiro de 2013

NO FALSE METAL !!!

            Skull Fist é uma banda canadense de Heavy Metal “tradicional” – aquele cheio de firulas e gritinhos agudos. É considerada uma parte importante da Nova Onda do Heavy Metal Tradicional (New Wave of Traditional Heavy Metal (NWOTHM)), movimento crescente que tem alavancado o ressurgimento de bandas com uma sonoridade derivada da anterior New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), de onde saíram grandes nomes como Iron Maiden, Saxon e ...

            Bem, grandes, grandes, só estes mesmos.

            Eu nem sabia que existia essa tal NWOTHM, nem nunca tinha ouvido falar do Skull Fist. Mas calhou de, por uma destas ironias do destino, um dos roadies dos caras ser brasileiro, mais precisamente daqui, de Aracaju, então acredito que, por conta desta relação de amizade (roadies no rock, mais ainda no metal, são sempre mais amigos que funcionários), eles resolveram dar uma esticadinha até as terras do Cacique Serigy, já que na divulgação original da turnê que fariam pelo Brasil não constava esta data.

            Foi tudo um tanto quanto improvisado, pois não existem espaços adequados para este tipo de evento por aqui. Aconteceu na CHE Petiscaria, um lugar quente – muito quente – e sem isolamento acústico. Fechado, quente (de novo) e, acreditem, sem um misero ventilador de teto ou de parede sequer, para aliviar o calor. Não fosse por um cantinho aberto no fundo, por onde entra alguma brisa - e vaza o som para a vizinhança - seria uma verdadeira sucursal do inferno! O que me leva a pensar: será que os “empresários” que se dispõem a abrir espaços alternativos na cidade não investem num mínimo de conforto para os seus clientes porque não há retorno de público ou não há retorno de público porque os locais não oferecem um mínimo de conforto para qualquer um que não seja um roqueiro adolescente ensandecido sedento de rock and roll e disposto a enfrentar qualquer “perrengue” pra ouvir umas guitarras distorcidas? A equação é complexa mas, a meu ver, se não há capital para a instalação nem mesmo de ventiladores, melhor deixar quieto ...

            Depois dos locais da Berzerkers enfrentarem a sauna e, mesmo assim, entregarem um bom show – os caras saíram do palco banhados em suor, era impressionante – foi a vez dos canadenses encararem as agruras do rock no terceiro mundo. Além do calor infernal tiveram som fraco e falhando, iluminação insuficiente e mal utilizada e uma irritante insistência em entupir o ambiente com fumaça de gelo seco. Havia momentos em que não se via nada no palco – a falta de noção era total, neste quesito, para o desespero dos fotógrafos Victor Balde e Marcelinho Hora, que se desdobraram para conseguir imagens decentes em condições tão adversas. E conseguiram, o que é mais incrível! Confira você mesmo nas imagens que ilustram estas mal traçadas linhas.

            Como não gosto de Heavy Metal (apesar de ser fã do Judas Priest) não fiquei muito impressionado com os som dos caras, que achei inclusive meio “farofa”. Mas não há como negar que fizeram uma grande apresentação, apesar dos irritantes gritinhos agudos a cada 5 segundos. O vocalista e guitarrista, único membro original remanescente, toca muito, e entregou uma perfomance visceral, com direito a todo o cerimonial obrigatório em shows do estilo, como oferecer a guitarra para que a turma do gargarejo, ensandecida, toque nas cordas, se jogar no chão e carregar um dos outros membros da banda nas costas. Quanto ao repertório, não posso opinar, mas me disseram que eles tocaram, inclusive, dois covers de clássicos do metal – em deles do running Wild, se não me engano. Não sei. Não conheço, não gosto, não identifiquei.

            Se não gosta porque foi e, ainda por cima, está se dando ao trabalho de escrever esta resenha, perguntará o incauto leitor. Por três motivos: primeiro, para parabenizar os que viabilizaram a empreitada, pois sempre torço para que as coisas aconteçam no cenário do rock alternativo, de qualquer vertente ou matriz – ainda mais às vésperas do Pré-caju, essa gigantesca celebração da mediocridade que acontece todos os anos à custas do dinheiro público, apesar de se tratar de uma festa privada. Segundo, para registrar o fato, inusitado e digno de atenção e reverencia. E terceiro, porque é uma boa desculpa para colocar no blog as sempre sensacionais fotos da Snapic.

por Adelvan

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